Revista Rua


A fábula da origem
The fable of the origin

Renato Salgado de Melo Oliveira

Mas, na verdade, sua Vovozinha fala bem pouco do casal protagonista, o dia dela foi terrível demais, ficou o tempo inteiro atrás do irmão do noivo, Tio Vader, padrinho do casamento. Ninguém o achava, e o padre Urso jamais começaria um casamento sem o padrinho. Todos reviraram a vila inteira e nada, nem um sinal do homem. Foi quando sua Vovozinha se lembrou de algo! Vader vivia na cantina de uma universidade que ficava próxima, nada que uma corrida até lá não valesse a pena. Era apaixonado pelos salgadinhos da cantina, uma verdadeira obsessão. Sua Vovozinha pegou o carro, foi até lá e o encontrou. Não foi tão difícil, bastou perguntar para algumas pessoas e logo deu de cara com ele, estava lá mesmo, comendo uma esfirra. “Um tio, tio Vader, ele deve ter algum parente na Cidade”. Você já sabe como procurá-lo, boa sorte com a missão.
 
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            O álbum é bonito, coisa elegante. Um presente que sua mãe ganhou, em uma vigem pela Arábia, de seu amigo Aladin. Feito de pele de dromedário mágico do pântano, criatura ainda mais rara que um dragão verde, especialmente para álbuns de família, pois essa espécie de pele encanta o álbum com uma mágica muito comum: apenas os membros da família podem abrir o livro encapado. Ao se lembrar disso, você sente em seu coração um aperto forte: e se você não conseguir abri-lo? Sabe como é, não seria de se espantar se, na verdade, houvessem deixado você em uma cesta, na porta da casa de sua mãe. Afinal, vocês nem possuem narizes parecidos. Por um tempo sua mão vacila pela capa do álbum, seus dedos tentam abrir de leve e nada acontece. Seu coração dispara, e agora? Tenta mas uma vez... e... abre! Maldito livro antigo, os encantamentos mais velhos são assim, demoram a funcionar. Mas você conseguiu, ao menos sabe que está na