Revista Rua


Dos olhos aos olhares, de Javé a Taboquinhas, uma mesma Bahia a fabular imagens na busca por escrever livros e perpetuar memórias
From the eyes to the views, from Javé to Taboquinhas, only one Bahia writing a fable with images in pursuit for writing books and perpetuate memories

José de Barros Pinto Filho, Eva Arbat Baú, Tiago Tombini da Silveira

Quando convidados a pensar, a mirar, sugerindo um dialogar, um fabular, entre o projeto “Olhares cotidianos da Certificação Turismo CO2 Neutro, logos e grafias de uma transformação na APA Itacaré – Serra Grande/BA” e o filme Narradores de Javé, de pronto escolhemos meditar sobre as similitudes que se pode perfazer entre o filme e o projeto, que para o início, meio e fim desta escrita se concentrará muito mais na busca pelas encruzilhadas e suas dobras de esquinas, por estes pontos de encontros e desencontros, do que na busca de paralelos entre as ideias. É por meio das imagens poéticas e fotográficas, dessas esquinas imagéticas, que propomos descer um rio, desde sua nascente, adentrando a correnteza da escrita até espraiar em foz no mar.
O projeto “Olhares Cotidianos...” é uma parceria entre a Associação Movimento Mecenas da Vida, a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universitat de Girona (UdG), na Catalunha – Espanha, com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). Este projeto pretende desenvolver e divulgar a tecnologia socioambiental Certificação Turismo CO2 Neutro, criada pela Associação Movimento Mecenas da Vida, através das imagens registradas pelos protagonistas desta Certificação: agricultores tradicionais, esposas e filhos/as, bem como, empresários/as locais do setor turístico.
 
O filme brasileiro Narradores de Javé, dirigido por Eliane Caffé, conta a história do pequeno povoado de Javé que será submerso pelas águas de uma barragem para geração de energia. Seus moradores descobrem que o local poderia ser preservado se tivesse um patrimônio histórico de valor comprovado em "documento científico". Decidem então escrever um livro contando os fatos históricos do vale de Javé - mas só o antigo carteiro, sabe escrever. Esse filme foi usado numas das capacitações do projeto “Olhares cotidianos...” como atividade de diversão (cinema na roça) para as crianças, jovens, adultos e idosos das comunidades rurais de São Gonçalo e Prainhas/Cuiudos do Distrito de Taboquinhas – Itacaré/BA. O filme propiciou a criação de um espaço de diálogo a partir de elementos comuns com o cotidiano das famílias de agricultores dessa região, envolvendo o próprio território, bem como atividades desenvolvidas pelo projeto “Olhares Cotidianos...”, dentre os quais se destacam a importância do resgate das estórias ancestrais e dos patrimônios culturais a serem escritos num livro.