Revista Rua


Dos olhos aos olhares, de Javé a Taboquinhas, uma mesma Bahia a fabular imagens na busca por escrever livros e perpetuar memórias
From the eyes to the views, from Javé to Taboquinhas, only one Bahia writing a fable with images in pursuit for writing books and perpetuate memories

José de Barros Pinto Filho, Eva Arbat Baú, Tiago Tombini da Silveira

absolutas. E essa contabilidade do tempo vivido dos homens, empresas e instituições será diferente de lugar para lugar. Não há, pois, tempos absolutos. E, na verdade, os ‘tempos intermediários’ temperam o rigor das expressões tempo rápido e tempo lento (SANTOS, 2002, p. 267).
 
Esses homens do tempode uma Bahia de todos e tantos Santos são aqui fotografados pelo jovem agricultor Edigley Santos de Jesus, que sonha transpor a barragem das estruturas das políticas sociais e econômicas para chegar ao mar da Educação; seu sonho é cursar uma faculdade.
 
 
Caros leitores e leitoras, chegando à Bahia, conclame os baianos, pois ninguém melhor para falar de sua própria gente que os da terra, e, visitando São Gonçalo, dê conversa a Miguel, cujo sobrenome é Bonfim, outro daqueles dos mais baianos e bonitos que se ouve nesses sertões. Bonfim é “nome, sobrenome e pronome” (no dito de Antonio Biá de Narradores de Javé), do senhor pai dele e de outros tantos desta Bahia[4]. Miguel é outro dos agricultores que fotografou sobre o cotidiano desses homens do tempo lento, daqueles que brotam da terra e se voltam a ela, e que se devotam a fabular os segredos dos saberes de seus ancestrais, na busca de fusão entre o tradicional e o moderno, num tempo em que a vida se defronta com os desafios impostos pela globalização.


[4] Manoel Bonfim é o nome do pai de Miguel, porém, na região ele é conhecido como Bonfim ou Sr. Bonfim. Ancião de uma simpatia musical contagiante (assovia como quem canta, e assim os males espanta).