Revista Rua


Dos olhos aos olhares, de Javé a Taboquinhas, uma mesma Bahia a fabular imagens na busca por escrever livros e perpetuar memórias
From the eyes to the views, from Javé to Taboquinhas, only one Bahia writing a fable with images in pursuit for writing books and perpetuate memories

José de Barros Pinto Filho, Eva Arbat Baú, Tiago Tombini da Silveira

aproximar pessoas e lugares, avançaremos para refletir sobre as linguagens que chamaram a nossa atenção no filme e no projeto.
            Em relação ao filme, propomos a cena de Antonio Biá sob o batente da porta de entrada de sua casa, onde se encontra a escrita: “Proibida a entrada de analfabetos”. Nesta cena debruçamos nosso pensar, nosso pesar, para tentarmos decifrar o que quiseram transmitir no filme, enquanto linguagem, ao nosso mirar, nada subliminar. A escrita no batente não se direciona a população de Javé, em sua maioria analfabeta, uma vez que entrariam pela porta, pois não sabem o significado que as letras, em conjunto de palavras, formam nesta oração.
Esta cena, em forma de carta aberta, foi endereçada aos leitores que compreenderam que o batente da porta de Biá pode muito bem ser o pórtico/batente em letras educadas, de muitas instituições de ensino, que são exclusivas a tantos e inclusivas a outros.
Também nos remete a pensar que Biá não usou uma linguagem apropriada para interagir com o público local, mas a usou para comunicar-se com o seu destinatário mundo para onde as cartas que escrevia eram endereçadas. O mundo de Biá não se encontrava nas estórias fabulosas e nem no povo de Javé. A partir desta reflexão, estando em Javé ou Taboquinhas, ou em qualquer parte desse mundo em sertão, se faz necessário pensar/criar/encontrar linguagens que sejam inteligíveis para cada pessoa, cada comunidade, para cada um/a encontrar o jeito de se expressar, compreender, interpretar e aprender e ensinar no mundo.
Na busca por uma linguagem inclusiva – que integre academia, equipe técnica da Associação Movimento Mecenas da Vida, empresários locais, agricultores, esposas e companheiras e filhos/as, que permita a cada um e a todos eles se expressarem e, ao mesmo tempo, se compreenderem – o projeto “Olhares Cotidianos...” optou por uma linguagem onde a imagem, ainda que privilegiada, se comunicasse com a escrita e a expressão oral. Buscando incluir, nesse processo de aprendizado, a maior diversidade