Revista Rua


Dos olhos aos olhares, de Javé a Taboquinhas, uma mesma Bahia a fabular imagens na busca por escrever livros e perpetuar memórias
From the eyes to the views, from Javé to Taboquinhas, only one Bahia writing a fable with images in pursuit for writing books and perpetuate memories

José de Barros Pinto Filho, Eva Arbat Baú, Tiago Tombini da Silveira

Nesse sentido, trazendo a imagem do rio que permeia e separa a vida em margens, se propõeuma grafia que venha a ressaltar algumas alegorias marcantes entre o filme e o projeto. Uma grafia que possa permitir estar junto dos olhos d’água que brotam no sertão, e de suas lágrimas, que buscam na correnteza gerada nos cruzamentos de saberes tradicionais e acadêmicos, um leito seguro que as faça fluir até a foz do rio junto ao mar, sua terceira e derradeira margem desta viagem. E é na foz que pretendemos desaguar a nossa poética voz, versos em poesia como proposição de considerações finais.
Antes de adentrarmos no curso de nossa escrita, torna-se importante salientar que as escolhas dos agricultores, Miguel Bonfim de Souza e Edigley Santos de Jesus, convidados a participar deste texto por meio de suas fotografias e de suas falas gravadas, ou por nós relembradas, deve-se a participação dos mesmos no encontro “O que pode um cotidiano que divaga ao fabular? Com-fabulação... Ex-pressão...”, ocorrido nos dias 02, 03 e 04 de setembro de 2010, na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Bahia. Assim, esse texto pode parecer orientar-se muito mais ao encontro das colinas de Taboquinhas e ao desencontro do Vale de Javé. Porém, a aposta é que ambos os lugares se façam presentes, e nas vozes e imagens de seus narradores, de seus moradores, desvelem os seus territórios, os seus cotidianos, em um novo devir.
 
Nascente de gente no sertão
A nascente de todo rio são os olhos d’água. Os olhos d’água de nossa estória são os narradores e moradores de Javé e Taboquinhas. Em comum, a comunidade de Javé, e a região do distrito de Taboquinhas na Área de Proteção Ambiental Itacaré - Serra Grande/BA, pensando as comunidades de São Gonçalo e Prainhas/Cuiudos, são comunidades rurais de homens do tempo lento, gente de pouco ou nenhum letramento, que fazem no tempo de sol a sol a vida do dia a dia.
 
De um lado, o que nós chamamos de tempo lento somente o é em relação ao tempo rápido; e vice-versa, tais denominações não sendo