Revista Rua


Dos olhos aos olhares, de Javé a Taboquinhas, uma mesma Bahia a fabular imagens na busca por escrever livros e perpetuar memórias
From the eyes to the views, from Javé to Taboquinhas, only one Bahia writing a fable with images in pursuit for writing books and perpetuate memories

José de Barros Pinto Filho, Eva Arbat Baú, Tiago Tombini da Silveira














Para que os agricultores trouxessem os seus olhares imagéticos, suas fabulações, nós aprendemos a ouvi-los antes de sermos ouvidos, a sermos tocados antes de tocá-los, chegando à fala de uma língua mais próxima a ambos, sem a exigência de falarmos a mesma língua. E foi pelo uso da fotografia, desta fala que não se cala ao desespero da velocidade e abertura das lentes-mentes, desta luz que seduz o efêmero a ser eterno, que os logos tradicionais e acadêmicos compartilharam espaços de diálogos, uns aos olhos do outro, uns nos olhos do outro...
(...) Aceitar a diferença, o desigual, admitir o dissenso é o primeiro passo para desmascarar estratégias que, em nome de uma pseudodemocratização dos saberes, homogeneíza a cultura e o conhecimento e reprime o que não se coaduna com a racionalidade dominante, definida como a única possível de dar resposta a todas as questões (LOPES, 1999, p. 97).
 
Foi nos diálogos dos olhares cotidianos, na diversidade de imagens retratadas, que surgiram respostas a questionamentos e questionamentos a respostas, onde o exercício está no respeitar e ser respeitado, uma vez que as escolhas das fotografias para o livro, feita de forma participativa, propiciou um resgate da auto-estima dos agricultores e fortaleceu a prática dos diálogos construtivos não apenas voltados à resolução de problemas, mas de apreensão do território em que habitam e das diversas cotidianidades regionais, propiciando exercitarem princípios de cidadania.