Revista Rua


Dos olhos aos olhares, de Javé a Taboquinhas, uma mesma Bahia a fabular imagens na busca por escrever livros e perpetuar memórias
From the eyes to the views, from Javé to Taboquinhas, only one Bahia writing a fable with images in pursuit for writing books and perpetuate memories

José de Barros Pinto Filho, Eva Arbat Baú, Tiago Tombini da Silveira

 
Olhar imagens e ressignificá-las dentro de um grupo necessita de um respeito à diversidade e de uma ação cooperativa. O pertencer exige uma inclusão identitária e também uma exclusão egocêntrica; devemos nos unir e separar-nos do meio para favorecer o exercício da alteridade e possibilitar uma relação dialógica entre os sujeitos e o meio ambiente (SILVEIRA; ALVES, 2008, p. 143).
 
É no interior desta correnteza imagética que nos é permitido dimensionar o rio, “(...) o rio por aí se estendendo grande, fundo, calado que sempre. Largo, de não se poder ver a forma da outra beira” (ROSA, 1988, p. 32). O rio de Edigley, de Miguel e tantos outros se orienta pelas margens sinuosas da História e Geografia, do passado e presente deste território, e busca ser caudaloso para chegar a diluir no profundo mar da educação, uma vez que a educação, para esses agricultores, é a terceira margem do rio que formam, um sinônimo de futuro.
E, por fim, buscando a última esquina a encontrar ou desencontrar coisas ou sentimentos, entre o filme e o projeto, se observa em ambos, a marca do livro, e não de qualquer livro, mas um livro com caráter de “ser científico”.
O livro é comumente reconhecido como um ente acadêmico. Para muitos é um dos símbolos máximos da educação, oscilando entre ser sua bandeira ou o mastro que a sustenta. Para o povo de Javé o livro era a possibilidade científica de uma fabulosa salvação, uma espécie de Arca de Noé que os salvaria da inundação, a ser usado para os fins de legitimar a permanência da comunidade e do vale no futuro. Já para muitos dos narradores e moradores de Taboquinhas, a “construção” do livro além de já ter propiciado uma diversão entre eles, acabou por fabular uma embarcação que os transportou a novos horizontes.