Revista Rua


Dos olhos aos olhares, de Javé a Taboquinhas, uma mesma Bahia a fabular imagens na busca por escrever livros e perpetuar memórias
From the eyes to the views, from Javé to Taboquinhas, only one Bahia writing a fable with images in pursuit for writing books and perpetuate memories

José de Barros Pinto Filho, Eva Arbat Baú, Tiago Tombini da Silveira

O que poderia vir a espantar os participantes da zona rural do projeto “Olhares cotidianos...”, em sua maioria de pouco ou nenhum letramento, está sendo um elemento a encantar a todos, independentemente do mérito do livro ser ou não “científico”. O que os encanta é poder participar com as fotografias e falas de suas vidas e lidas cotidianas na construção de algo que pode se perpetuar. E a nós o encantamento se encontra no sentimento de participarmos a um livro de páginas e esquinas vivas, com suas dobras de vidas expressivas em imagens e grafias, em preto e branco além de coloridas.
 
Foz em voz poética
Depois de algumas páginas percorridas por este rio de vidas, de letras e palavras, chegamos à foz querida... Nas margens deste rio ou no seu interior profundo encontram-se os retirados e retirantes de Javé, agricultores e amigos de Taboquinhas, seres de pés, braços e traços fortes, que buscam fazer da foz a voz ouvinte em muitos corações e sertões. E a esses seres, fundadores, narradores, moradores de um sertão imaginável ou insonhável para muitos dos nossos leitores, aos fabulosos que se devotaram a compartilhar os seus logos e fotografias com a academia, lhes ofertamos estas considerações finais de nossa grafia, em forma de poesia.
 
olhos d’água ...
uma lágrima
no olho nasce
no rio caminha
e ao mar chega
cega é a educação
que vê nos óculos a visão
e que se esquece dos olhos d’água