Revista Rua


O inglês na rua, na avenida, na cidade. Uma análise discursiva sobre a língua inglesa no espaço urbano brasileiro
English on the street, on the avenue, in the city. A discoursive analysis on the English language in the urban Brazilian space

Ilka de Oliveira Mota

1- Introdução
Olhar a cidade permite-nos reconhecer que o Inglês participa decisivamente da constituição do cotidiano urbano brasileiro. Ele está presente em conversas formais e informais, artigos e revistas, reportagens, jornais e, sobretudo, no espaço que lhe é reservado na arquitetura da cidade: muros, ruas e avenidas. Esses lugares pelos quais a língua inglesa circula indicam que, indiferentemente da vontade e/ou desejo dos cidadãos – sejam eles transeuntes, mendigos, pedestres, andarilhos, sejam ciclistas, passageiros, ou qualquer um que passa nas avenidas e ruas da cidade –, o inglês e toda a discursividade em torno dele interpelam (atropelam) o indivíduo em sujeito, ainda que fale ou não essa língua.
Neste artigo, vamos focar na análise discursiva de um outdoor promovido por uma escola de inglês renomada a fim de colocar em evidência o seu processo de significação, os sentidos ditos e não ditos, entreditos, que o costuram. A ideia é compreender o(s) modo(s) de representação imaginária construída para o sujeito por meio da língua inglesa e o seu discurso que circulam no espaço material da cidade.
 
2- O outdoor no espaço da cidade
Antes de tratar da especificidade do texto de outdoor, vamos situar o leitor a respeito do modo como pensamos a cidade. 
Vista da perspectiva discursiva da linguagem, a cidade é pensada em sua espessura material, o que significa concebê-la enquanto espaço de significação, espaço simbólico de produção e confronto de sentidos (ROURE, 2001). Vale dizer que a palavra espaço é compreendida discursivamente, isto é, como um lugar atravessado pela memória, atravessado por gestos de interpretação, no qual o sujeito se inscreve historicamente, produzindo sentidos. Como afirma Pfeiffer (2001),

No caso da cidade, tomamos lugar como local referencial na cidade, que não chamamos de lugar físico pelo fato de trabalharmos sempre com a forma material, isto é, não há separação entre forma e conteúdo. Assim a rua, a calçada, as praças, as escadarias e as casas não são apenas formas urbanas, mas desde sempre “formas materiais” onde cidade e história são indissociáveis (PFEIFFER, 2001, p. 32).
 
É sabido que, no espaço urbano, circulam-se diferentes tipos de texto, diversas formas de materialização do significante. Diversas discursividades irrompem neste espaço de significação chamado cidade. O verbal e o não verbal se mesclam, confundem-se, confundindo e enredando os olhares que passam. Pichações, placas de