Revista Rua


O inglês na rua, na avenida, na cidade. Uma análise discursiva sobre a língua inglesa no espaço urbano brasileiro
English on the street, on the avenue, in the city. A discoursive analysis on the English language in the urban Brazilian space

Ilka de Oliveira Mota

3- A especificidade do texto outdoor
Como qualquer texto, o outdoor apresenta uma materialidade e circulação específicas. Ele é uma espécie de painel constituído, em sua maioria, pelos planos verbal e não verbal conjuntamente, sem que haja sobredeterminação de um deles. Ou seja, no processo de produção da linguagem, tudo faz sentido: cores, tamanho e tipo de letra, formato, figuras, fundamentalmente o lugar de circulação, etc.
A circulação do outdoor se dá em ruas e avenidas do espaço urbano, por meio de uma escrita provisoriamente permanente, fixa, de modo que o leitor pode fazer pausas e retomadas. Provisória porque o outdoor tem um tempo determinado de permanência.
Acrescente-se, o outdoor é um tipo de texto pertencente ao discurso publicitário que apresenta, por isso mesmo, um funcionamento discursivo bastante peculiar. Ele tem por objetivo persuadir o leitor a fim de vender um produto ou ideia. Nesse sentido, ele atua à semelhança de um discurso pedagógico em uma forma autoritária. O interlocutor-consumidor é colocado na posição discursiva daquele que precisa adquirir o produto pelos motivos produzidos pelos textos publicitários. A esse respeito, vale dizer que uma das propriedades de discurso é produzir necessidades no sujeito para que responda favoravelmente às demandas do mercado.
Além disso, o discurso publicitário faz valer o efeito de uma linguagem isenta de subjetividades. No entanto, do ponto de vista discursivo, é certo afirmar que, ao descrever o objeto a ser vendido, esse discurso já está exercendo uma determinação nos sentidos, fazendo irromper gestos de interpretação próprios do lugar discursivo de onde o sujeito enuncia.
 
4- Inglês: língua globalizada, sujeito reconhecido?
O imaginário, compreendido como espaço de organização dos sentidos, tem a sua eficácia. Ele atravessa as relações linguageiras que envolvem os sujeitos na sociedade. Desse modo, faz parte do trabalho do analista de discurso atravessá-lo a fim de compreender como os sentidos são produzidos, tirando-os de qualquer tipo de evidência.
Faz parte do imaginário historicamente construído sobre o inglês os sentidos de desenvolvimento. Nessa via, falar Inglês é falar a língua do poder, do desenvolvimento, da globalização. Pode-se dizer que o Inglês, constituído dentro desse paradigma da globalizaçãoedodesenvolvimento, está funcionando, parafrasticamente, como língua decivilização. Noutras palavras, essa discursividade aí produzidaconstrói um lugar de