Revista Rua


O inglês na rua, na avenida, na cidade. Uma análise discursiva sobre a língua inglesa no espaço urbano brasileiro
English on the street, on the avenue, in the city. A discoursive analysis on the English language in the urban Brazilian space

Ilka de Oliveira Mota

enunciação para o Inglês em que língua inglesa significa, por efeito metafórico, civilização/civilidade. Assim sendo, nessa relação paradigmática, instala-se um movimento de sentido significativo: língua inglesa migra para mundo civilizado. Vale dizer, um mundo onde é possível ter um futuro certo: estudo, profissão reconhecida, cultura e sucesso.
O que ficam aí silenciados são os sentidos cristalizados sobre o Brasil (a língua portuguesa falada no Brasil), sentidos esses historicamente construídos para o Brasil ao longo do processo histórico de sua constituição (colonização) que retornam, já modificados, no modo de os autores brasileiros significarem a língua inglesa. Isto é, o que vemos funcionando no fio do discurso são projeções imaginárias, um ideário brasileiro historicamente construído sobre o que seja a língua inglesa que, por sua vez, reverbera sentidos sobre a nossa história de país colonizado.
Desse imaginário vislumbra-se um sujeito imaginariamente incluído no mundo globalizado e, principalmente, reconhecido socialmente. O texto a seguir, que extraímos de um outdoor, é exemplificador desse ideal de sujeito que a língua inglesa traz em sua constituição. Observemos:
Recorte 1:
Foto tirada em 2005
 
Trata-se de um texto publicado em um outdoor assinado por uma escola de idiomas renomada e exposto cerca de um ano e meio na Avenida da Amizade, na cidade de Sumaré (SP).
Em nosso caso, o leitor é capturado por um texto público que se dirige a todos e a ninguém: de um lado, a todos porque ele é endereçado a todos aqueles que inclinam seus olhares para o emaranhado textual que se apresenta, de outro, àqueles que não fazem parte da discursividade da língua inglesa.