Revista Rua


Antropônimos em Aurilândia-Go: uma abordagem pelo viés da Semântica Histórica da Enunciação
(Anthroponims in Aurilândia-GO: an approach through the Historic Semantics of Enunciation)

Elizete Beatriz Azambuja, Weruska Fagundes Correia

[...] muitas pessoas preferem e valorizam a grafia diferente dos nomes próprios. As letras ‘w’, ‘y’ e ‘k’, por exemplo, bem como as letras dobradas (mm, ll, gg, tt, etc.) e grafias antigas têm um charme especial, por lembrarem nomes da nobreza ou palavras estrangeiras (mais ‘chiques’ que as nacionais). Ou seja, grafias diferentes e exóticas têm ‘glamour’ e por isso são mais valorizadas socialmente (COUTINHO, 2008: 2).
 
Continuando ainda com essa discussão, vale lembrar que na grafia de alguns nomes dos pais, geração nomeada nos anos 70, entre as marcas de determinação cultural americana, observamos três ocorrências de terminação em “son”, em antropônimos masculinos. Dito de outro modo, houve casos de pais que trazem o nome “filho”, porém, na língua inglesa. Seria como se neles estivesse inscrita a paternidade e fossem filhos de: Adimil, Adenil e Gil, respectivamente: Adimilson, Adenilson e Gilson. Essa forma de nomear não apareceu nos nomes registrados em 2000 tampouco em 2007. Ou seja, não constatamos essa forma de nomear na nova geração. 
Considerando que toda enunciação que nomeia tem uma determinação histórico-social,trazemos, neste espaço, as nomeações “Istefany” e “Esterfany”. É interessante observar como os sujeitos/pais, no ato de nomear, recorrem a uma outra língua, como se a sua fosse insuficiente para esse ato. Porém, fica marcada a posição do enunciador brasileiro ao incluir as letras “e” ou “i” para anteceder o “s” inicial, original do nome em inglês: “Stefany”. Na nossa língua, não iniciamos uma palavra com consoante desacompanhada de uma vogal.
Nesse sentido, continuando a discussão, vale ressaltar que:

[...] esta nomeação se dá num espaço de enunciação em que o Inglês fornece modelos ao Português. Mas este modelo não se cumpre completamente porque ele é refeito pelo embate das línguas na relação com o falante no espaço de enunciação (GUIMARÃES, 2005: 19-20).

Outro ponto interessante que queremos registrar é em relação aos nomes patronímicos em que são feitas homenagens aos pais ou avôs. Em 2000, tivemos três ocorrências: Levy Júnior Oliveira Correia, João Marques José Alves dos Santos Neto, Gabriel Alves Filho.