Revista Rua


Antropônimos em Aurilândia-Go: uma abordagem pelo viés da Semântica Histórica da Enunciação
(Anthroponims in Aurilândia-GO: an approach through the Historic Semantics of Enunciation)

Elizete Beatriz Azambuja, Weruska Fagundes Correia

Em relação aos dados de 2007, tomamos um outro ponto de análise ao separar os nomes masculinos dos femininos, observando quais foram mais grafados sem os traços tradicionais. Assim, encontramos oito nomes femininos com grafia diferenciada e dois masculinos, denotando que os nomes femininos dessa geração tiveram mais variedades, ao contrário da geração anterior que, como vimos, apresentou um percentual maior de inovação nos nomes masculinos.
Para refletirmos sobre o grande número de nomes grafados com letras geminadas, “nn” e “ll”, remetemo-nos a Coutinho quando argumenta sobre a escolha de muitos pais optarem por esse tipo de grafia. A autora cita o exemplo de “Melo”, afirmando que, para a nossa sociedade, “Melo com apenas um ‘l’ não é tão valoroso quanto ‘Mello’, com ‘ll’, podendo-se dizer o mesmo de ‘Raquel’ versus ‘Rachell’” (COUTINHO, 2008: 2). Salientamos que é necessário o cuidado para que não seja generalizado esse fato, visto que a diferença social pode ser considerada como um fator determinante para a diferença na apreensão de letras.
Dentre os nomes que fazem parte do corpus que organizamos, há casos de antropônimos com até três letras alheias ao nosso alfabeto: k/ll/y, como o de Kimberlly. Vale lembrar que esse nome remete ao da personagem do seriado americano “Power Rangers”. Provavelmente, seja em conseqüência do fato de os pais fazerem parte da geração em que o seriado surgiu e enquanto locutores da enunciação que nomeou foram afetados pelo seriado.
Os dados confirmam que há uma tendência a manter a tradição nos nomes masculinos, visto que, em 2007, apenas dois nomes foram grafados diferentemente, um com ‘y’, Davy, e outro com ‘c’ mudo, João Victor.
Nesse ponto referente à forma da escrita dos antropônimos analisados, é relevante mencionar o caso do pai que se chamava “Levi” e nomeou o seu filho com o mesmo nome, porém com a escrita diferenciada: “Levy”. Observamos que a diferença entre as duas gerações está marcada na grafiados antropônimos, na presença do ‘y’.
Talvez seja uma forma de atualização do nome, constituída pelo imaginário de que o locutor pai, ao inserir o “y”, esteja proporcionando maior prestígio a tal antropônimo.
Para a nossa reflexão, é relevante a seguinte afirmação: