Revista Rua


Antropônimos em Aurilândia-Go: uma abordagem pelo viés da Semântica Histórica da Enunciação
(Anthroponims in Aurilândia-GO: an approach through the Historic Semantics of Enunciation)

Elizete Beatriz Azambuja, Weruska Fagundes Correia

Em 2007, houve apenas uma ocorrência de nome patronímico, e essa sui generis, pois remete ao nome do bisavô: Raul Bisneto Alves da Costa. Ainda nesse ano temos dois casos de nomes patronímicos registrados, mas que não estão marcados pela referência ao “Neto”: João Pedro da Costa Pires tem como avó paterna Joana Pires dos Santos e o avô paterno Pedro Prudêncio dos Santos; Pedro José Tavares, também não recebeu em seu sobrenome o Neto, porém, seu avô materno se chama Pedro Neto Tavares. Como vimos, o avô já era um nome patronímico, marcado pelo “Neto” em seu sobrenome. 
É interessante ressaltar que tais homenagens são raras às mães ou às avós, provavelmente característica de uma sociedade patriarcal.
Esse aspecto, entre outros já levantados, mostra claramente que: 1) a ‘escolha’ de um nome não é uma escolha totalmente controlada pelo sujeito que nomeia; 2) sua ‘origem’ não é nem o locutor-pai (lugar social) nem o enunciador-individual (lugar de dizer) (GUIMARÃES, 2005: 36), mas um conjunto de injunções ideológicas próprias do espaço de enunciação dos nomes em língua portuguesa no Brasil.
 
PARA FINALIZAR, ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
 
Neste trabalho, buscamos analisar o processo de nomeação em Aurilândia-GO. Isso significa dizer que buscamos interpretar como e quais determinações se dão em acontecimentos específicos de linguagem: o ato de enunciar antropônimos.
Para analisar o corpus constituído por nomes de duas gerações, fundamentamo-nos no fato de que a nomeação é um ato de linguagem produzido por um determinado sujeito inscrito na história. Dito de outro modo, os sujeitos/pais, ao atribuírem os nomes aos seus filhos trazem, na “escolha” feita, aspectos que marcam a relação desses sujeitos com a história, na busca de uma unicidade, na busca de um nome “apresentado como um nome único para uma pessoa única” (GUIMARÃES, 2005: 34).
Constatamos que, por um lado, há semelhanças em alguns pontos em relação aos nomes da geração mais velha assim como nos nomes atribuídos à geração mais jovem. Por outro lado há pontos distintos entre os nomes dos pais e os que eles atribuíram aos seus filhos.