Revista Rua


Sonhar-te e(m) vidas. (Des)narr-ar...
Dream-art (i)´n lives. (Un)weaving...)

Elenise Cristina Pires de Andrade, Alda Regina Tognini Romaguera

 
Preferir não, “I would prefer not to”. Tratamento que Melville desprende na resposta de Bartleby. “(...) A fórmula é arrasadora porque elimina de forma igualmente impiedosa o preferível assim como qualquer não-preferido (p. 83) nos coloca Deleuze” (2004), pois o escriturário prefere, inicialmente, não conferir, o que não eliminaria os demais afazeres mas, ao mesmo tempo, ele não prefere as suas outras ocupações, cavando uma “(...) zona de indiscernibilidade, de indeterminação, que não pára de crescer entre algumas atividades não preferidas e uma atividade preferível. Qualquer particularidade, qualquer referência é abolida” (DELEUZE, 2004, p. 83). (ANDRADE, 2006, p. 18-9)
 
A vida
há que ser
o nada...
Sem/con-texto...
Há que ser
I would prefer not to
pendurada
por um fio,
varal ao vento...
Há que ser...
I would prefer not to
Ávida.
 
Preferiria não... Devir ativo, resistência bartlebiana, dissidência imprevisível que resiste sem se opor, como se criança fosse.Preferir negativamente pensAR vida, tensionando múltiplas possibilidades de sentir e pensar com imagens. “Je suis là!” exclama Henry, personagem do encantador curta-metragem de Jérémy Clapin[7] Skhizein. “Estou lá”, a exatos 91 cm de mim. Perder a referência espaço-temporal; alterar a relação corpo/velocidade/espaço e/ou desrelacionar...; telespectadores (ou nós mesmos?) atirados ao meio da margem, na terceira margem, deslocada por este fluxo...


[7] As imagens aqui apresentadas foram obtidas desta animação. Mais informações no site <http://skhizein.com/ >. Produção de 2008, disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=UkiPrd-iH6Y >.