Revista Rua


Sonhar-te e(m) vidas. (Des)narr-ar...
Dream-art (i)´n lives. (Un)weaving...)

Elenise Cristina Pires de Andrade, Alda Regina Tognini Romaguera

percorre o Vale de Javé, à dança dos sentidos das palavras, ao non-sense que prolifera pensamentos: “(...) Acreditar na possibilidade de separação entre juízos dos fatos e juízos de valor garante o conforto do pensamento, pois permite omitir todo o arsenal necessário à fabricação e à validação dos fatos, bem como os valores já implicados na sua produção” –  continua Ana Godoy (p. 89).
Enunciado, produção de conhecimento científico e conforto do pensamento. Narradores e escritas e ciências que parecem não (re)criarem. Que ciências se narram pelas escritas, em repetições que reafirmam verdades? “Uma coisa é o fato acontecido; outra coisa é o fato escrito”, dirá o javélico narrador... O fato escrito (re)-in-venta o acontecido: “se não é, parece que é, tem tudo pra ser, então fica sendo...” nas/pelas vozes/memórias de Indalécio e Maria Dina; Cosme, Damião e Margarida; Indaleo e Oxum; ou... e...; e... ou...; Vou não ir!
Abrir brechas para o exercício de girar a linguagem, ex-capar, (in)-ventar e escrever uma escrita outra, girando ventos em pensamentos. Seria essa uma escritapesquisa científica? Escrevinharpesquisar com/por enunciados moventes, na fluidez de pensamentos e imagens. I-mAR-gens. Mar-ginaliz-ação. VentAR e produzir enlouquecido furacão a girar, a esvaziar certezas, verdades. Jorro, ventania que quer arruinar mundos, provocar desmanches nos corpos das orgânicas palavras, fazendo-as vibrAR. Vibração potente a colocar o pensamento a correr, a pensar, a fabular e não apenas a explicar o inexplicável. Seria por essa escrita-mentira que vira verdade? Se o “conhecimento e pensamento não se distinguem quando submissos à razão e a tudo que exprimem” (GODOY, 2008, p. 100), ventAR pensamentos-educação varreria os sentidos de valor que os aprisionam? Água e ar, a (des)terrAR.
(Re)-in-ventação na produção de conhecimento científico se faria ao inundar as javélicas terras da memória, deixando escapar o desejo de conservar e preservar mitos, saberes, origens. Ao manter brancas as páginas da escrita “grande” das memórias javélicas, Biá gestualiza Bartleby e prefere não narrar a odisseia, tentando (des)obedecer e multiplicar a possibilidade de (re)-in-ventar vidas naquele lugar.