Revista Rua


Sonhar-te e(m) vidas. (Des)narr-ar...
Dream-art (i)´n lives. (Un)weaving...)

Elenise Cristina Pires de Andrade, Alda Regina Tognini Romaguera

Dobras impossíveis! Salamaleques de prédios... Que paz seria essa a desconfigurar o que se pretende como normalidade? Dobras e salamaleques que apagam a distinção entre o verdadeiro e o falso e potencializam a criação.“Cut cut cut” cortando imagens do trailer de A Origem (2010)[2], dirigido por Christopher Nolan, que nos presenteia com um roteiro sensacional, literalmente onírico, fabuloso. Que dobras e salamaleques nos proporcionam as imagens sonhadas de Nolan nas (des)narrativas dos Narradores de Javé[3]? “Cut cut cut”, cortando um interior da Bahia que existe e não existe. Que sofre e que ri. Que é desalojado e desacreditado. Que narrações seriam essas? Seria possível (des)colar da narração sua força-memória, e lhe dar a chance de fabular? Sem a pressão da verdade, da história grande, na ex-pressão?
            FabulAR em imagens, como a proposta de Andrade e Speglich (2010) junto ao pensamento de Gilles Deleuze, em que “(...) a fabulação nos remete às ideias de poder e força de criação no desaparecimento da distinção entre o verdadeiro e o falso. Fabulação que remete, também, à instalação de um devir” (p.4). Devir em histórias mínimas que não cessam de acontecer e, nesse acontecimento, (se) expressam, sem pressa. Escolha política e estética de investir no procedimento da fabulação.
            Oiá, oiá...
            Encontros e desencontros com imagens, fotos, sons, nuvens, luzes, águas, gentes, memórias, lugares, que por lá e cá correm e escorrem. Ex-correm na intensidade da fabulação, do verde, do borrão, “(...) levando as faculdades ao seu extremo e provocando a possibilidade de nos instalarmos em devir. Em um potente vir-a-ser que não se liga nem a lembranças, nem ao vivido, nem ao que se viverá, que permanece em potência de ser” (ANDRADE; SPEGLICH, 2010, p.8).


[3] Produção nacional de 2003 dirigida por Eliane Caffé.