Revista Rua


O Parque do Ibirapuera e o lazer na cidade de São Paulo: da descrição à apropriação
Ibirapuera Park and leisure in the city of São Paulo: a local description and appropriation

Paulo Cezar Nunes Junior

rural começam a ficar mais definidas. O loteamento das regiões de chácaras da antiga capital provinciana, somado à abertura de novas linhas de tráfego e ao alargamento das avenidas cederam à cidade de São Paulo a necessidade da criação de áreas específicas para o lazer no perímetro urbano. Este é o projeto levado a cabo pela modernidade no Brasil do início do século XX. Outras ações podem ser encontradas no Projeto Pereira Passos, no Rio de Janeiro, e o Projeto Moreira Maciel, em Porto Alegre, ambos baseados nos ideais de modernização copiados dos modelos europeus, principalmente da cidade de Paris[4].
Assim, o parque público, como o conhecemos hoje, é um elemento típico da grande cidade moderna, porém está sempre em processo de recodificação. Macedo e Sakata (2002, p.13) apontam que:
Novas funções foram introduzidas no decorrer do século XX, como as esportivas, as de conservação de recursos naturais, típicas dos parques ditos ecológicos, e as do lazer sinestésico dos brinquedos eletrônicos, mecânicos e dos espaços cenográficos dos parques temáticos. Essas funções requalificam os parques e novas denominações, novos adjetivos, são atribuídos a eles, como por exemplo, parque ecológico e parque temático.
 
Entendo o parque urbano como uma área destinada ao lazer da população, geralmente composto de áreas verdes. A partir desta característica comum é possível que um ou outro espaço se caracterize por atrativos ou funções específicas: edificações para shows ou exposições, parques infantis ou equipamentos para esportes, por exemplo.
Em São Paulo, o Parque Vila Lobos, na Zona Oeste, é identificado por suas amplas áreas livres usualmente utilizadas para grandes eventos. Já o Jardim da Luz, na região central da cidade, é conhecido pelos passeios e visitas ao prédio da Pinacoteca do Estado. Cada parque guarda consigo peculiaridades próprias de oferta de atividades, usos que estão intimamente ligados às condições de acesso e aos sujeitos que freqüentam cada um deles. Neste sentido, o Parque do Ibirapuera também possui diversas características que o identificam e que o elegem como local para a prática de lazer de milhares de usuários todos os dias.
 
O Parque do Ibirapuera
A década de 1950, período de construção do Parque do Ibirapuera, foi marcada pela verticalização intensa da área central de São Paulo, seguindo a velocidade de seu


[4] O tema da implantação destes projetos nestas cidades e sua relação com o modelo de urbanização praticado na Europa são discutidos nos trabalhos de Amaral (2001), Marcassa (2002) e Sant´Anna (1994).