Revista Rua


O Parque do Ibirapuera e o lazer na cidade de São Paulo: da descrição à apropriação
Ibirapuera Park and leisure in the city of São Paulo: a local description and appropriation

Paulo Cezar Nunes Junior

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Figura 1 - Foto aérea com o projeto implantado. (1955). Fonte: MONDADORI (1975).
 
A imagem anterior nos remete a noção do hiato que o espaço do Parque do Ibirapuera representa aos seus arredores urbanos. Em meio ao emaranhado de ruas, quarteirões e construções relativamente organizadas, surge, imponente, o traçado moderno do novo parque. Sua comparação com o restante do bairro sugere uma ruptura de traços que, ao mesmo tempo em que destoa do desenho das ruas do bairro, corrobora com a noção de “cidade organizada” pregada pelo planejamento urbano em questão.
Em um período logo posterior à sua implantação, o espaço do Ibirapuera é utilizado para o funcionamento de prédios públicos. As construções feitas para as festividades de sua inauguração, destinadas a abrigarem exposições e demais eventos semelhantes acabaram servindo para repartições e sedes de órgãos da cidade, desviando-o, de certo modo, de seu sentido original.
O Parque do Ibirapuera, que fora criado com função social e recreativa, a partir de 1955 foi levado a exercer função administrativa. O Palácio da Agricultura foi ocupado pela Diretoria de Trânsito, e aos poucos outras repartições municipais se transferiram para o Parque. O antigo palácio das Nações, depois chamado ‘Palácio Manoel da Nóbrega’, foi ocupado pelo gabinete do Prefeito; no Pavilhão dos Estados, instalou-se a Secretaria das Finanças. (PORTO, 1992 p.162).
 
O exercício de pensar as funções do Ibirapuera na urbanização da metrópole paulistana no século XX pode conduzir ao levantamento de outros aspectos. Entre eles, é possível citar o papel de ícone que sua inauguração propiciou às comemorações do aniversário de quatrocentos anos da cidade de São Pauloem 1954; a condição de manutenção da “boa aparência” do desenvolvimento urbano e a atuação bivalente na