Revista Rua


O Parque do Ibirapuera e o lazer na cidade de São Paulo: da descrição à apropriação
Ibirapuera Park and leisure in the city of São Paulo: a local description and appropriation

Paulo Cezar Nunes Junior

desenvolvimento urbano. As grandes reformas na estrutura da cidade, bem como a criação de parques, áreas verdes, monumentos e espaços públicos diversos era motivo de orgulho dos paulistanos mais ufanistas daquela época (LOFEGO, 2004).
Nesta época São Paulo se evidencia como uma das maiores cidades do mundo e a principal metrópole industrial latino-americana, abrigando por volta de 2,75 milhões de habitantes (BRITO; SOUZA, 2008). Ícone deste momento histórico, o Parque do Ibirapuera se insere como importante cartão postal e símbolo da modernidade da cidade. Sua inauguração ocorreu oficialmente em 21 de agosto de 1954, marcando as festividades do IV Centenário da Cidade de São Paulo.
À equipe de planejamento[5] coube a tarefa de descrever os documentos referentes à implantação do projeto do parque, nos quais constavam os aspectos gerais das atividades a serem desenvolvidas, “definindo que os trabalhos urbanísticos e arquitetônicos seriam orientados no sentido de criar em São Paulo um conjunto de espaços recreativos, culturais, artísticos, paisagísticos e esportivos” (ANDRADE, 2004, p.35). Os estudos desta equipe foram realizados em três etapas: Plano de conjunto; Projeto das unidades e Execução das obras (ANDRADE, 2004), dos quais apenas o primeiro se realizou.
O Plano de Conjunto reconheceu e analisou os planos urbanísticos existentes ou em estudo, realizados pelos poderes públicos, permitindo modificações. Este trabalho resultou na elaboração de um anteprojeto com traçado viário, circulação, estacionamento e comunicações; a definição das áreas para parques, jardins e demais atividades; e a localização dos edifícios. Estas diretrizes para construção do parque corresponderiam aos objetivos do desenvolvimento urbano de São Paulo. Ao concentrar as atividades de lazer populares dos mais diferentes tipos, ele atrairia o público geral de forma concentrada e criaria na dinâmica de seu funcionamento o papel de espaço, ao mesmo tempo acessível e em consonância com um modelo de “cidade organizada”.


[5] Conforme a citação de Lofego (2004), “De autoria do arquiteto Oscar Niemeyer (e de uma equipe paulista composta pelos arquitetos: Eduardo Kneese de Mello, Zenon Lotufo, Hélio Uchoa Cavalcanti, Gauss Estelita, Carlos Lemos)”.