Revista Rua


A Copa do Mundo de Futebol de 2014 e o (novo) Mineirão
The 2014 Soccer World Cup and (new) Mineirão Stadium

Priscila Augusta Ferreira Campos e Silvia Cristina Franco Amaral

Assim, a marca “Novo Mineirão”, cria um novo conceito de estádio e de torcedor de futebol. Do capital imaterial (GORZ, 2005) utilizado para essa criação, junto com a tecnoesfera utilizada para a reforma do estádio surge uma nova psicoesfera. Essa, de certa forma, apaga o Mineirão e tudo o que a ele se relaciona entre memórias particulares e coletivas de determinado tempo e espaço, dando a conotação de antigo, para o surgimento da marca de um novo governo que trouxe a modernização do estádio para receber a Copa de 2014, daí o adjetivo “novo”.
Antes de o Mineirão ser fechado para a reforma em dezembro de 2010, a banda Skank, belorizontina, que se destaca pela aproximação com o futebol, realizou um show gratuito no estádio para a gravação de um CD/DVD, mas que tinha também como propósito, fazer o fechamento de um ciclo de história do estádio, uma vez que, após aquele momento, surgiria o “Novo Mineirão”.
Tal atitude pode ser analisada como “rito de instituição”, isto é, “num sentido mais amplo, trata-se de um rito de passagem cuja finalidade é promover a separação de algo ou de alguém de uma classe a outra - de solteiro a casado, de pagão a batizado, de estudante a profissional e assim por diante” (DAMO, 2012, p. 29).
Outra ideia que se difunde com o “Novo” Mineirão é a de privatização do espaço público através da parceria público-privado. A Copa, enquanto evento privado, necessita do Estado para que as exigências de sua realização sejam cumpridas, entre elas: segurança a todos os envolvidos, mobilidade urbana e exclusividade dos patrocinadores. O setor privado necessita do dinheiro público para ajudar na construção-reforma dos estádios. Assim, o Estado desempenha papel central na viabilização financeira, econômica e política dos empreendimentos através de seu poder e de sua riqueza, em forma de fundos de investimento (OLIVEIRA, 1999; VAINER, 2007).
O Mineirão, quando da sua inauguração, foi administrado pelo setor público, através da Administração de Estádios do Estado de Minas Gerais – ADEMG – órgão vinculado ao governo do Estado de Minas Gerais. A partir de sua (re)inauguração passa a ser administrado pelo consórcio Minas Arena, empresa responsável pelo financiamento e execução das obras de “reforma e modernização”[1] do estádio através de uma parceria público-privado e que por isso tem o direito de exploração comercial do


[8] http://www.minasarena.com.br/empresa