Revista Rua


A Copa do Mundo de Futebol de 2014 e o (novo) Mineirão
The 2014 Soccer World Cup and (new) Mineirão Stadium

Priscila Augusta Ferreira Campos e Silvia Cristina Franco Amaral

espaço seja ocupado por “eventos de entretenimento, incluindo concertos, festivais, peças teatrais e feiras de negócios e de consumo” (idem, p.44).
Frente ao exposto, esse artigo tem por objetivo discutir o conceito de ‘novo’ que adjetiva a reforma do Estádio “Governador Magalhães Pinto” – Mineirão, localizado em Belo Horizonte/MG. Para isso, será feito um paralelo com os discursos e documentos elaborados para a sua construção e com os discursos e documentos elaborados para a Copa do Mundo de 2014 que culminou em sua reforma e adjetivação.
 
Mineirão de ontem
 
Quando o Mineirão foi inaugurado em 1965, Belo Horizonte já possuía um estádio de futebol de grandes proporções para a época. O Estádio Independência havia sido construído para os jogos da Copa do Mundo de Futebol de 1950, na qual Belo Horizonte foi uma das cidades-sede. Em termos econômicos e político era um momento promissor para o Brasil, já que estava passando por um progressivo nacional desenvolvimentismo com o governo Vargas (SANTOS, 2005a; DUARTE, 2009) que tinha como proposta a integração do território através da interligação das estradas de ferro e da construção de estradas de rodagem; investimentos em infraestrutura; industrialização; substituição das importações e aumento do consumo, o que gerou a urbanização do território (SANTOS, 2005a). Assim, receber em seu território a Copa do Mundo ajudaria a projetar no exterior todo um modelo de país desenvolvido, brilhante, criativo, promissor e unido territorialmente.
Para atingir esse objetivo, o País precisava demonstrar seu ar empreendedor através da existência de grandes estádios e também do êxito financeiro, técnico e disciplinar ao término do evento, além disso, a torcida não deveria comprometer o ar de civilidade que se desejaria transmitir (idem).
Na época, Belo Horizonte foi escolhida como cidade-sede. A capital mineira carregava como diferencial em relação às outras cidades o fato de ter sido planejada. Seu projeto urbanístico, datado de 1897, seu traçado cartográfico e suas alamedas buscavam romper com o passado colonial (SANTOS, 2005a; DUARTE, 2009).
Além disso, na década de 1940, a cidade passava por um crescimento urbano e econômico, rompendo com os limites da Avenida do Contorno. Em 1943, foi inaugurada a Pampulha como polo turístico, cultural e esportivo da cidade e que substituía o traçado em linhas retas por um traçado em curvas, mais arrojado e moderno