Revista Rua


A Copa do Mundo de Futebol de 2014 e o (novo) Mineirão
The 2014 Soccer World Cup and (new) Mineirão Stadium

Priscila Augusta Ferreira Campos e Silvia Cristina Franco Amaral

espaço por 25 anos. Ademais, os clubes belorizontinos estão em negociação com essa empresa visando possibilidades de exploração desse espaço de modo que seja lucrativo para as partes envolvidas[1].
Pode-se perceber, de acordo com Oliveira (1999), um esvaziamento da esfera pública e uma apropriação privada desse conteúdo de modo a atrair benefícios aos interesses privados. Se for levado em consideração que o Mineirão foi construído em uma área pertencente ao governo federal, cedida para o governo estadual, em troca da utilização de seu complexo pelos alunos da universidade, dentro dessa reestruturação política-econômica, os fins acadêmicos de uso do espaço ficaram à margem. O que impera é a privatização do público que vem de um modelo político e econômico de que há uma desnecessidade do público desse espaço e de uma desqualificação do bem público. “A esse processo objetivo corresponde uma subjetivação da experiência burguesa no Brasil de hoje que é radicalmente antipública, no sentido da esfera pública não burguesa ou cidadã” (OLIVEIRA, 1999, p. 68).
Por fim, um dos símbolos da modernidade atual é a preocupação com o meio ambiente e com o melhor aproveitamento dos recursos naturais de modo a não comprometer as gerações futuras, a chamada sustentabilidade. Com isso, o “Novo” Mineirão não poderia abrir mão desse princípio, uma vez que a FIFA recomenda o Gol Verde, isto é, programa que tem por objetivo “reduzir o consumo de água potável, evitar e/ou reduzir a emissão de resíduos, criar sistemas de abastecimento de energia mais eficientes e aumentar o uso do transporte público nos eventos FIFA” (FIFA, 2011, p. 37). Para isso, estabelece que todos os estádios devem fazer projetos que levem em consideração as técnicas e princípios de uma construção sustentável, para que possam adquirir a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), uma vez que as construções sustentáveis trazem benefícios ambiental, econômico e social à população.
Vale lembrar que, antes da reforma, o estádio construído em concreto armado contrastava com o seu entorno cercado por árvores, o que dava um ar bucólico ao espaço, bem como um sombreamento e, consequentemente, uma menor temperatura. O atual projeto mantém a arquitetura do estádio e prevê uma esplanada limitando as árvores a uma única área. Assim, pensar em uma política de desenvolvimento


[1] http://globoesporte.globo.com/futebol/times/cruzeiro/noticia/2012/03/cruzeiro-e-minas-arena-discutem-possivel-acordo-sobre-o-mineirao.html