Revista Rua


O que quer, o que pode um discurso? O que quer, o que pode esta foto?
What a discourse want, what it can do? What this photography want, what it can do?

Viviane Teresinha Biacchi Brust e Verli Petri

brasileira, a língua portuguesa ou língua brasileira, – e, com isso, talvez remetê-la ao conceito que leva ao objeto teórico da Sociolinguística – do que deixá-la sem qualquer apoio teórico, é pelo viés da Análise de Discurso que a pensamos, uma vez que, conforme Orlandi (2004a, p. 17), esta “se constitui na relação contraditória entre unidade e diversidade, contradição esta inscrita em seu próprio objeto já que não há como negar o fato de que há Língua e há Línguas, ou seja, há uma relação necessária entre o formalismo do sistema e a diversidade histórica concreta”. É através dessa disciplina de interpretação que vai se instaurar um diverso modo de se pensar a Língua, ou seja, a língua, considerando o sujeito e definindo o discurso. Orlandi (2009, p. 22) explicita que a Análise de Discurso não trabalha com a dicotomia língua/fala no sentido de um par opositivo tal como o pensado por Saussure: faz, outrossim, um outro recorte teórico que relaciona língua e discurso. A língua, nesta concepção, não vai ser vista como algo totalmente fechado em si mesmo, sem falhas ou equívocos, enquanto o discurso também não é visto como algo destituído de condicionantes linguísticos ou determinações históricas. Pêcheux (2009 [1975], p. 81) afirma que “a língua se apresenta, assim, como a base comum de processos[3] discursivos diferenciados”, o que consiste em dizer que o uso do sistema linguístico não se dá de forma acidental. É importante salientar o que nos coloca o fundador da Análise de Discurso quando associa Linguística à Ciência das formações sociais, referindo-se à teoria histórica dos processos ideológicos e científicos:
 
[...] o sistema da língua é, de fato, o mesmo para o materialista e para o idealista, para o revolucionário e para o reacionário, para aquele que dispõe de um conhecimento dado e para aquele que não dispõe desse conhecimento. Entretanto, não se pode concluir, a partir disso, que esses diversos personagens tenham o mesmo discurso (Idem) [grifos do autor]
 
Esse, portanto, é o espaço construído pela Análise de Discurso, que, a partir de sua fundação, “marca sua singularidade por pensar a relação da ideologia com a língua, afastando a metafísica, trazendo para a reflexão o materialismo e não sucumbindo ao positivismo na ciência da linguagem” (ORLANDI, 2012, p. 37).
a)    Por uma possibilidade de resposta
Partindo do que pensou Pêcheux nos anos 80, Petri (2005, [s.p.]) entende que o autor “nos convida a pensar sobre a necessidade de abertura das questões que são tratadas como puramente gramaticais, caminhando em direção à discursividade” e, ao retomar uma sua reflexão anterior, assim nos apresenta o discurso em relação à língua:


[3] Grifo do autor.