Revista Rua


Rumores e sabores de uma feira: Culinária popular e cosmopolitismo banal em Cuiabá
The rumours and flavours of a fair: Popular cuisine and banal cosmopolitanism in Cuiabá

Yuji Gushiken, Lawrenberg Advíncula da Silva e Adoniram Judson Almeida de Magalhães

não seu lugar de passagem, mas seu lugar de permanência e existência econômica e simbólica.
 
            Feira de culinária popular na Boa Esperança
 
A feira é desses lugares de comércio e degustação de iguarias que os setores populares inventam como modo de vida simultaneamente econômico e cultural. Na Idade Média e no Renascimento, feira equivalia ao tempo datado que as culturas populares imprimiam às praças com as festas dos homens comuns. “Em tempo de feiras, um tipo especial de comunicação humana dominava então: o comércio livre e familiar” (BAHKTIN, 1996, p. 133).
Feira da Boa Esperança 020

As cidades contemporâneas, em que pese o desenvolvimento de espaços para práticas gastronômicas, o que inclui shopping centers e bairros especializados nesse tipo de comércio, também possuem suas feiras como elementos constituintes das culturas populares urbanas. As feiras adensam em seu interior não apenas elementos folclóricos, mas também elementos sincréticos da produção cultural que hoje tornam indistintas fronteiras entre as identidades culturais.
Cada cidade tem suas feiras, de modo mais ou menos institucionalizado na paisagem urbana. Na pespectiva teórica de Luiz Beltrão (2001), a feira é um espaço folkcomunicacional, onde as informações circulam em rodas de conversas informais ou