Revista Rua


Efeitos de sentido em cartuns: sujeito e consumo da/na rede eletrônica
Effects of sense in cartoons: subject and consumption of/in electronic network

Lucília Maria Sousa Romão e Fernanda Correa Silveira Galli

com a manchete jornalística da Folha de SP: “Casal de São Paulo batiza o filho como Facebookson e causa polêmica no mundo”. Funcionando de forma similar ao cartum, o nome próprio é inscrito a partir do nome de uma rede social muito veiculada no país, de modo que, no nosso entender, a notícia emerge como uma construção discursiva de um acontecimento inserido em condições de produção específicas, sendo determinada pelo funcionamento ideológico dos produtos tecnológicos.
O poder de proliferação das redes sociais – mais especificamente, do Facebook – aparece no segundo cartum que interpretamos a seguir: o bebê, ainda na barriga da mãe, nos primeiros meses de gestação, está inscrito na rede social antes mesmo de ser um falante, ou seja, o bebê se constitui no âmbito do digital embora não tenha chegado ao mundo fisicamente. A sua constituição ideológica na rede eletrônica é anterior a uma nomeação: a expressão “nosso bebê” não define nem o sexo, nem tão pouco um nome próprio que possa ocupar uma posição-sujeito no mundo da tecnologia, mas funciona produzindo efeitos de credibilidade para o enunciado a partir de um espaço (de saber e de poder) que determina a circulação de certos efeitos de sentido. Vejamos o segundo cartum:

Essa possibilidade ofertada pelo digital, a de criação de um perfil num espaço outro, tem sido um constituinte nas/das relações contemporâneas, o que podemos observar em conversas cotidianas, em discursividades como “você tem facebook?”, “me adiciona no seu face”, “olha lá no meu face...”, “abre um face para você!”, dentre outras. No enunciado desse segundo cartum, destacamos uma antecipação da criação identitária no digital, evidenciada pelo uso do advérbio temporal “já”. Tal precocidade deixa entrever a re(a)presentação do “bebê” na rede eletrônica e pressupõe a (in)existência do pequeno-ser no universo virtual, o que parece ser supostamente possibilitado (apenas) pela virtualidade, porque é nesse espaço que o bebê “tem mais amigos... do que a gente”. Ser visto por todos coloca em movimento a visibilidade que