Revista Rua


Efeitos de sentido em cartuns: sujeito e consumo da/na rede eletrônica
Effects of sense in cartoons: subject and consumption of/in electronic network

Lucília Maria Sousa Romão e Fernanda Correa Silveira Galli

se constitui, conforme pontuado por Foucault no final do século XVIII e início do XIX, como elemento fundamental para o enlace entre o poder e o saber em contextos históricossociais, o que parece vigorar, também, na contemporaneidade. Trata-se, contudo, de outras formas de poder(-saber) que são exercidas nos e pelos sujeitos, via práticas de formação e transformação que estabelecem modos de ser como os dos pais e do bebê em questão. Nesse sentido, parece-nos, ainda, que a in/visibilidade no/do digital tende a ampliar a criação de identidades, na medida em que
 
... o computador sustenta a alucinação de um interlocutor (anônimo ou não), de um outro “sujeito” (espontâneo e autônomo, automático) que pode ocupar mais de um lugar e desempenhar muitos papéis, num face a face, mas também retraído; provavelmente diante de nós, mas também invisível e sem rosto por detrás de sua tela. (DERRIDA, 2004, p.143)
 
Atrás da tela, na esfera pública, a mãe não só compartilha as identidades (anônimas?) como coloca em funcionamento outros papéis: o de mãe, de mãe-bebê, de mãe-esposa, de mãe-amiga. Nesse jogo de papéis, emerge uma con-fusão entre o que é da ordem dos espaços individual e coletivo, o que parece permitir, ainda, uma identificação entre o eu (mãe) e o(s) outro(s), o que vemos funcionar discursivamente com a presença do pronome possessivo “nosso” e do substantivo “a gente”. Apontamos, aqui, a polissemia como efeito derrisório, visto que tanto o pronome quanto o substantivo pode estar endereçado à figura do pai na relação com a mãe (no espaço privado) ou aos amigos virtuais do Facebook (no espaço do coletivo). Assim, sugerimos que as redes sociais fazem circular o estabelecimento de uma relação de confiança, de proximidade e de intimidade com o outro, o que leva o sujeito internauta a consentir com a sua (ex)posição do/no digital, ressignificando-se discursivamente em função das atuais condições de produção, como é o caso, por exemplo, especialmente da mãe. Essa questão da ressignificação dos sujeitos, e/ou de suas posições no espaço virtual, também emerge no terceiro cartum, que segue abaixo: