Revista Rua


"Pra tá aqui tem que montar, desmontar e carregar". Mobilidade, território e cotidiano do trabalho na feira de artesanato da Avenida Beira-mar, Fortaleza (CE)
"To be here one has to assemble, to disassemble and to carry": Mobility, territory and labor quotidian in the craft fair, on Beira-mar Avenue, Fortaleza (CE)

Luiz Antonio Araújo Gonçalves

O pagamento dos carregadores é efetuado, em geral, semanalmente, e os valores variam de R$ 11,00 a R$ 75,00 (preços de 2008), também de acordo com o tamanho dos carrinhos. Para os montadores de barraca (Figura 3) esse valor é pago diariamente como o custo para montar a barraca, que é de dois reais por dia, ou, como afirma um feirante: “[...] é um real para armar e outro para desarmar”, e ainda mais um real para o carregador estacionar o carrinho na praia[6].
 

FIGURA 3 - O montador da barraca. Fonte: Gonçalves, 2008.
 
Essas são formas árduas de trabalho que consomem grande energia e provocam desgaste físico pela ação da tração humana na condução dos carrinhos, empurrados em um percurso de 200 metros do depósito até a feira. Uma condição informal de trabalho que permite a sobrevivência de muitos trabalhadores na Beira-Mar.
Em seu estudo sobre os trabalhadores do barro (oleiros e louceiros) no sul do estado de Sergipe, Beatriz Góis Dantas (1987) atribui à denominação de “trabalho pesado” a ação dos grupos domésticos de produção, a qual exige maior força física,


[6] Em função de portaria (03/2006) expedida pela Secretaria Executiva Regional II - SER II/PMF, visando a disciplinar a utilização dos carrinhos e ordenar o transporte destes pelo calçadão, foi proibido o trânsito dos carrinhos fora do horário de montagem das barracas (das 15h às 16h30min) e de desmontagem (das 23h30mim à 1h), de forma que muitos feirantes utilizam a faixa de praia, contígua ao calçadão, para deixar os carrinhos durante o horário da feira.