Revista Rua


"Pra tá aqui tem que montar, desmontar e carregar". Mobilidade, território e cotidiano do trabalho na feira de artesanato da Avenida Beira-mar, Fortaleza (CE)
"To be here one has to assemble, to disassemble and to carry": Mobility, territory and labor quotidian in the craft fair, on Beira-mar Avenue, Fortaleza (CE)

Luiz Antonio Araújo Gonçalves

A feira de artesanato da Beira-Mar se estabeleceu como um dos pontos de venda de artesanato mais movimentados de Fortaleza, concentrando grande variedade de produtos regionais. Os turistas que se hospedam nos hotéis da orla são atraídos pela proximidade das barracas montadas do outro lado da avenida. A feira tem início no final da tarde, estendendo-se pelo período da noite, quando parte dos turistas retorna dos passeios às praias do litoral cearense, e outros locais de comércio de artesanato já se encontram fechados.
O território da feira é demarcado pelo grande número de barracas, onde são vendidos diversos produtos artesanais, principalmente peças bordadas a mão ou a máquina, trabalhos em filé[1], crochê, rendas de bilro, bolsas, sandálias e outros artigos de couro, garrafas de areia colorida, toalhas de mesa, colchas de cama bordadas, brinquedos artesanais, bonecas de pano, redes de dormir, tapetes, chapéus e bolsas de palha de carnaúba e/ou de buriti, entalhes de madeira, esculturas (madeira, aço, prata, bronze), doces caseiros, rapadura, castanha de caju, licores, aguardente, cajuína, molhos e temperos, bijuterias artesanais, adornos, dentre outros produtos oferecidos ao turista.
Além destes, são vendidos outros produtos tidos como não artesanais, mas que, da mesma forma, são apreciados e adquiridos pelos turistas, como confecção, camisaria, moda praia, bijuteria, camisas de clubes de futebol, óculos de praia, calçados, sandálias industrializadas (havaianas), bonés, moda íntima feminina, biquínis e brinquedos industrializados.
Compõem, ainda, a relação de produtos comercializados no calçadão comidas da cultura regional, destacando-se: milho verde cozido, rolete de cana, mungunzá, pamonha, tapioca, camarão e acarajé, vendidos em pontos fixos ou móveis espalhados pelo calçadão. São comercializadas, também, bebidas, como a tradicional água de coco, além de água mineral, refrigerantes, sucos e energéticos.
Em síntese, essa porção da orla se destaca pela dinâmica própria que marca o cotidiano do trabalho informal no calçadão, sobretudo na feira de artesanato da beira-mar, como poderemos verificar mais adiante.


[1] Compreende a técnica artesanal de tecer a mão, com agulha, uma trama de fios de algodão feita sobre uma grade de madeira, formando peças que, em geral, são utilizadas para fins decorativos.