Revista Rua


"Pra tá aqui tem que montar, desmontar e carregar". Mobilidade, território e cotidiano do trabalho na feira de artesanato da Avenida Beira-mar, Fortaleza (CE)
"To be here one has to assemble, to disassemble and to carry": Mobility, territory and labor quotidian in the craft fair, on Beira-mar Avenue, Fortaleza (CE)

Luiz Antonio Araújo Gonçalves

sucatas, nas mãos dos artesãos, ganham formas estatuárias; as sobras de couro da fabricação de sandálias tornam-se miniaturas das próprias sandálias ou pequenos chapéus de cangaceiros em chaveiros, isso para citar alguns materiais reaproveitados.
A feira, no que concerne à sua constituição, compõe-se, basicamente, de três equipamentos fundamentais, que lhe asseguram as condições materiais de funcionamento. São eles: a barraca, o carrinho e a bateria (Figura 1). Segundo depoimentos de feirantes mais antigos, nos primeiros anos do comércio de artesanato na Beira-Mar, “[...] todos traziam a sua barraca e as suas mercadorias na mão”, organizando-as na calçada.
Essa situação evoluiu à medida que foram sendo utilizadas barracas desmontáveis e carrinhos[3] para guardar e transportar as mercadorias. A barraca é formada por uma estrutura metálica composta por tubos de ferro, encaixados uns nos outros, formando uma área de 2x2 metros. Além da estrutura metálica, outros instrumentos compõem a barraca, como bancadas de compensado, ganchos de ferro, caixas e cabides que servem para expor as mercadorias, as quais ficam suspensas na barraca, além de outros acessórios menores. As barracas são distribuídas em fileiras no calçadão e funcionam no período das 16h às 23h, implicando uma rotina diária de montagem e desmontagem.

FIGURA 1 - A barraca, o carrinho e a bateria. Fonte: Gonçalves, 2008.


[3]O carrinho é uma espécie de baú feito de chapas de ferro soldadas e fixado sobre um eixo com rodas de automóvel.