Revista Rua


"Pra tá aqui tem que montar, desmontar e carregar". Mobilidade, território e cotidiano do trabalho na feira de artesanato da Avenida Beira-mar, Fortaleza (CE)
"To be here one has to assemble, to disassemble and to carry": Mobility, territory and labor quotidian in the craft fair, on Beira-mar Avenue, Fortaleza (CE)

Luiz Antonio Araújo Gonçalves

 
 

FIGURA 2 - O carregador do carrinho. Fonte: Gonçalves, 2008.
 
Cada feirante é responsável pela contratação do seu carregador/montador, sendo alguns pagos apenas para montar e desmontar as barracas, enquanto outros são contratados somente para conduzir o carrinho até o local onde será montada a barraca. Um carregador, em geral, ocupa-se do transporte do carrinho e da montagem/desmontagem de, aproximadamente, 20 barracas, chegando a atender até 30 feirantes por dia. Todavia, quando assumem um número maior de barracas, ocorre uma sobrecarga de trabalho, o que os leva a contratar um auxiliar, que é denominado por eles como o “carregador do carregador”, constituindo-se, assim, outro grupo de sujeitos inseridos no subcircuito de trabalho da feira e, portanto, no trabalho precário.
 Com o avançar da noite, a feira vai sendo desmontada aos poucos. Por volta das 22h, algumas barracas começam a ser desarmadas pelos feirantes muito em função do tempo e retorno seguro para casa. Ao final da feira, a mesma dinâmica se repete, só que essa etapa está mais subordinada à ação dos carregadores que entram noite adentro na tarefa de desmontagem das barracas e retorno dos carrinhos para o depósito[5].


[5] Há ainda aqueles feirantes que não utilizam o serviço do carrinho, transportando e guardando suas mercadorias em veículos próprios que estacionam na avenida. Esses, todavia, não constituem a maioria, sendo o serviço do carrinho o mais utilizado.