Revista Rua


Imagem e Ilegibilidade da Forma Urbana de Campinas
Image and illegibility of urban form of Campinas

Luiz Tiago de Paula* e Eduardo Marandola Jr.**

O primeiro aspecto que causa obstáculos para legibilidade da forma de Campinas é a ausência de vistas panorâmicas. As visões gerais de qualquer cidade são fundamentais, pois permitem que as pessoas tenham a ideia de conjunto e as conexões e diversas relações geográficas entre suas partes (MARANDOLA JR., 2011).
 A maior parte da malha urbana campineira (em especial a área central) está localizada sobre a borda da Depressão Periférica – agrupamento geomorfológico que pode ser caracterizado por terrenos erodidos e vertentes com leves aclives e declives, o que gera um relevo de planícies e dificulta as tomadas horizontais do terreno da cidade. Uma pequena parcela da população, residentes da região do Distrito Municipal de Sousas e Joaquim Egídeo, 10 km a leste do Centro, têm a possibilidade de se deparar com algumas cenas panorâmicas. Essa região se situa sobre o sopé do Planalto Meridional do Estado de São Paulo, unidade geomorfológica que tem embasamento basáltico-granítico e é formada por vertentes íngremes e vales encaixados, estando em termos de altimetria sobre um desnível topográfico mais alto em relação ao restante da cidade.
A área central, além de ser uma das regiões mais baixas de Campinas, é onde se concentram os fragmentos da cidade histórica e onde o processo de verticalização deixou suas marcas mais evidentes. Instalado sobre as várzeas do córrego Proença e seus afluentes, o maciço de prédios com variáveis alturas se dispõe sobre os vales mais baixos da região. Esta configuração impõe obstáculos ao observador que queira estabelecer as direções cardiais da cidade, tornando as vias uma das únicas referências para sua orientação.
O intenso processo de verticalização, comum a muitas cidades do mundo, tornou-se um importante elemento de ilegibilidade em especial para imagem dessa cidade, uma vez que combinado com a extensão de suaves colinas, muitos prédios esconderam a paisagem de Campinas a partir da perspectiva oblíqua. Fotos da cidade até a década de 1950 sugerem outra relação com a imagem da cidade, quando as vertentes eram propícias à tomada de visão de marcos dispostos em diferentes pontos estratégicos, como o mirante Torre do Castelo e a antiga Estação Ferroviária (Fepasa).
A grande densidade de edifícios é uma imagem comum a muitos centros de cidades brasileiras. Tal imagem é reforçada quando essa concentração está em um ponto mais alto da cidade. No caso de Campinas, a tomada panorâmica do centro é