Revista Rua


Imagem e Ilegibilidade da Forma Urbana de Campinas
Image and illegibility of urban form of Campinas

Luiz Tiago de Paula* e Eduardo Marandola Jr.**

possibilitada a partir de alguns bairros a oeste, como o Jardim Chapadão onde se encontra a Torre do Castelo e a sudeste, como Jardim São Fernando, Jardim Carlos Lourenço, Swift etc. De outros locais da cidade, como das rodovias Dom Pedro I e Anhanguera que circundam grande parte da malha urbana, a visão do conjunto de prédios é dificultada pelas sequências de interflúvios que se escalonam até chegar ao nível mais baixo do relevo.
Campinas tem uma série de problemas quanto a visibilidade de seus marcos, o que gera empecilhos para a própria construção imagética deles nas memórias de seus cidadãos. Esta pouca visibilidade tem a ver com elementos naturais de seu relevo, como descrevemos acima, e com o caráter mutante da paisagem e principalmente com a fragmentação de um tecido urbano disperso.
Nos termos de Lynch (2003), Campinas apresenta problemas com sua mutabilidade da imagem. Objetos da paisagem vistos a grandes e pequenas distâncias parecem não ter o mesmo poder simbólico capaz de orientar espacialmente um mesmo observador. Para ambientes grandes e complexos como a cidade de Campinas, torna-se necessário a ligação entre as diversas disposições dos níveis escalares, mantendo-se uma relação recíproca entre as escalas locais e as escalas regionais. Quando os elementos da paisagem são observados a grandes distâncias e não revelam sua posição ou sua base local, sua capacidade de se tornar um marco é enfraquecida e sua imagem perde sua capacidade mutável (Figura 1). Isso por que o marco é um ponto na paisagem (prédio, torre, monumentos) cuja principal característica física é a singularidade, ou seja, algum aspecto que seja único ou memorável. Sua forma identificável e legível permite a orientação visual do observador que se encontra próximo ou distante a ele (LYNCH, 2003).