Revista Rua


A Construção das representações identitárias: o brasileiro clandestino deportado

Marcos Barbai

assinar résidence assiner residénce EU não sei como que fala:... assinar... pra eu assinar uma residência... ENtendeu? pra dizer que eu morava lá... aí... bom:... a gente conseguiu:... sair de lá... fui ficar em casa... fiquei-passei duas semanas em casa... daí depois ligaram para meu marido e... disse que eu tinha que partir:... pro Brasil... eu falei.. tá bom:... não tem problema eu VOU...
 
Destacamos, neste recorte essas duas formulações:
 
(1) eu não sei nem te explicar:... porque eu disse pra ele que eu queria viver lá... mas eu queria ter meu papel pra mim viver pra mim não ficar sendo expulsa assim:... porque não é é difícil você a gente ir pra lá e fazer uma vida e... depois não dá certo e a gente deixa a pessoa que a gente ama e vem embora:...
 
(2) eles falaram pra meu marido conseguir um advogado... meu marido conseguiu pagou uma advogada... a gente passamos no juiz e o juiz fez eu:... Eu ir pra casa... só que:... a juíza falou que ela não ia resolver o meu problema de de:... como é que diz:... pra mim ficar lá no país:... ela... ia resol-o único problema que podia ela ia resolver:... era de FAzer eu assinar é... é assinar:... uma re assinar résidence assiner residénce EU não sei como que fala:... assinar... pra eu assinar uma residência... ENtendeu? pra dizer que eu morava lá... aí... bom:... a gente conseguiu:... sair de lá... fui ficar em casa... fiquei-passei duas semanas em casa... daí depois ligaram para meu marido e... disse que eu tinha que partir:... pro Brasil... pro Brasil... eu falei.. tá bom:... não tem problema eu VOU...  
 
Em (1) nós podemos observar pela escritura de si mesmo que o eu está aberto a múltiplos espaços imaginários de significância e de representação. Ter meu papel (portanto ter um estatuto jurídico no país habitado – estar um sujeito de direito) é uma posição que a situação de expulsão permite desejar, imaginar, projetar. Porém, em face do real (a impossibilidade da representação e sustentação identitária), essa posição materializada no dizer não se sustenta. O sujeito é ilegal.