Revista Rua


Do silêncio angustiante aos sentidos desviantes: Subversão discursiva na microesfera do exercício de poder
(Of the silent distressing to the senses deviant: Discursive subversion in the microsphere of the exercise of power)

Camila Targino e Souza, Cristina Teixeira Vieira de Melo

Com a matriz-negativo devidamente finalizada, o passo seguinte seria a produção da cópia positiva, que poderia ser feita em qualquer um dos diversos papéis fotossensíveis artesanais do século XIX. Em nosso caso, como já explicitado, a cópia-positiva foi possivelmente impressa em albumina. 
A técnica do albúmen possui algumas especificidades: uma camada de albumina (ligante retirado da clara do ovo) estendida por sobre a superfície do papel-suporte para impressão da fotografia com o nitrato de prata (reagente fotoquímico). Esse ligante à base de albumina serve de meio para a suspensão do nitrato de prata. A fotografia se forma nessa camada que mistura o albúmen com o nitrato de prata, de maneira a constituir a imagem distanciada da trama do papel. Essa tecnologia foi compreendida como sendo “(...) fundamentalmente superior pela maior diluição da solução do sal fotossensível, por possuir uma camada totalmente separada da trama do papel, na qual se formava a imagem de prata; esse processo tornou possível uma maior densidade e contraste na impressão.” (REILLY, 1986: 4, tradução livre.). Com uma superfície muito brilhante, a albumina mantinha uma relação específica com o negativo que possibilitava a sua existência; o conjunto, negativo-positivo, gerava uma visualidade de maior contraste e definição geral na imagem:
 
O motivo pelo qual o papel brilhante chama por um negativo com uma menor gama de densidades é que esse tipo de papel possui um aglutinante transparente (por exemplo, albumina), que minimiza as reflexões difusas e o espalhamento da luz pelas fibras do papel. Isso efetivamente produz mais ‘brilho’ e contraste na imagem, tornando os brancos mais brancos e as áreas de sombra mais densas. (REILLY, 1980, capítulo 7, tradução livre.).
 
A exaltação do perfeito contraste – beges e tons claros límpidos e sombras mais densas – foi amplamente justificada pela camada brilhante da albumina com toda sua transparência, que possibilitou a formação de uma imagem destacada das fibras do papel-suporte, produzindo maior sensação de definição nessa camada translúcida:
 
(...) o papel albuminado possui essencialmente o mesmo processo que o da superfície do papel salgado, com exceção das claras dos ovos que foram empregadas como material aglutinante para fechar os poros do papel e reter substâncias sensíveis à luz em uma compacta camada sobre a superfície do próprio papel. É precisamente porque a impressão da imagem é mantida sobre a superfície que o papel em albumina representou um grande avanço em cópias com forte acutância econtraste,