Revista Rua


Um Olhar sobre o Câncer de Mama: a Atividade Física e seu Significado para Mulheres Participantes de Grupo de Apoio
A Look at Breast Cancer: A Physical Activity and Its Significance for Participants of Women Support Group

Fernanda de Souza Cardoso, Eliana Lúcia Ferreira

quando se busca legitimar a Educação Física nos mais variados espaços de intervenção, recorre-se a essa premissa (DELLA FONTE; LOUREIRO, 1997: 126). Destaquemos o fato de que os referidos autores já se referiam a “prática de atividades corporais”, termos com os quais concordamos, uma vez que lidamos e interferimos no corpo e não somente no físico, o que nos remete a um discurso já presente no campo da Educação Física, numa abordagem da tradição filosófica em uma compreensão do homem como um ser fragmentado ou em duas partes (corpo e mente) ou em três (corpo, mente e espírito).
Assim, ouve-se falar que "fisicamente se está saudável, mas mentalmente se está doente", "psicologicamente se está são, mas socialmente se está mórbido", porém a saúde não expressa a satisfação de uma única necessidade, mas sim a satisfação de um conjunto de necessidades que se confunde com o existir pleno do ser humano como agente histórico (DELLA FONTE; LOUREIRO, 1997: 130-2).
A premissa atividade física-saúde como uma relação de causa e efeito é parte do que se constitui enquanto imaginário social, constatações estas “que não estão descontextualizadas historicamente; pelo contrário, encontram-se demarcadas por uma considerável tradição cultural”. Na área da Educação Física o que prevalece é a idéia que busca advogar a existência de uma relação de ‘causa e efeito’, quase exclusiva, entre ‘exercício’ e ‘saúde’. Nestes estudos, a saúde poderia ser tomada, a priori, como conseqüência de efeitos fisiológicos (mensuráveis quantitativamente) produzidos pela prática regular de atividades físicas, porém estas interpretações adotam um olhar parcial da realidade, “que não leva em conta outros fatores contextuais relevantes aos quais as pessoas estão submetidas e que não podem ser dissociados de seus cotidianos” (BAGRICHEVSKY; ESTEVÃO, 2005: 66-8). Sobre esta questão Pereira (1998: 30) alerta que “o pretexto de que a atividade física promove saúde não deve ser utilizado para motivar a sua prática, já que esta não é 100% causadora desse fenômeno”.
Pelas colocações acima referenciadas percebemos que pode estar ocorrendo um equívoco do imaginário social sobre a atividade física. E o equívoco, como aponta Orlandi (2008: 102-3), é fato de discurso, é a falha da língua, na história. Porém, o discurso é palavra em movimento e por sua mediação é “possível tanto a permanência e a continuidade quanto o deslocamento e a transformação do homem e da realidade em que ele vive (ORLANDI, 2007: 15). E para Della Fonte; Loureiro (1997: 130) “consumir uma