Revista Rua


O discurso da ciência na contemporaneidade: "Nada existe a menos que observemos"
(The discourse of science in the contemporaneity: "Nothing exists unless we observe it.")

Marci Fileti Martins

Longe de conter qualquer misticismo alheio ao espírito da ciência, a noção de complementaridade aponta para condições lógicas da descrição e da experiência na física atômica (BORN, 1995:115).
 
 
Entretanto, no mesmo artigo, Born já anunciava certos efeitos dessa “outra” subjetividade ao afirmar também que:
 
[...] devemos manter uma distinção clara entre observador e conteúdo da observação, mas devemos reconhecer que a descoberta do quantum lançou uma nova luz sobre os próprios fundamentos da descrição da natureza, revelando pressupostos até então despercebidos no uso racional dos conceitos em que se baseia a comunicação da experiência. [...] Enquanto, na concepção mecanicista da natureza, a distinção sujeito-objeto era fixa, dá-se espaço a uma descrição mais ampla através do reconhecimento de que o uso coerente de nossos conceitos requer tratamentos diferentes para essa separação (BORN, 1995: 115-116). (Grifo nosso)
 
 
Segundo Covalon em seu artigo “Consciência Quântica ou Consciência Crítica”[3], foram outros físicos, notadamente, Eugene Paul Wigner, que rompendo de forma mais decisiva com o preconstruído mecanicista, destaca a necessidade do observador:
 
Isso decorre do fato da teoria quântica ser de caráter não determinístico, ou seja, trata-se de uma teoria para a qual a fixação do estado inicial de um sistema quântico (um átomo, por exemplo) não é suficiente para determinar com certeza qual será o resultado de uma medida efetuada posteriormente sobre esse mesmo sistema. Pode-se, contudo, determinar a probabilidade de que tal ou qual resultado venha a ocorrer. Mas, quem define o que estará sendo medido e tomará ciência de qual resultado se obtém com uma determinada medida é o observador. Com isso, nas palavras de E. P. Wigner, "foi necessária a consciência para completar a mecânica quântica". (COVALON, 2001)
 
 
 Contudo, mesmo aceitando, como também afirma Covalon (2001), que a introdução de elementos subjetivos na Física Quântica é considerada altamente