Revista Rua


Inovação nas práticas de promoção da saúde por meio da arte da palhaçaria: a dialogia do riso registrada em vídeo-documentários nas experiências de campo
Innovation on health promotion practices trough the art of the clown: dialogy of laugher recorded in video documentaries in field work

Marcus Vinicius Campos Matraca, Tania C. de Araújo-Jorge

Apesar das conquistas dos vários movimentos sociais distribuídos pelo país, o estigma em relação a este grupo é visível nos depoimentos dos atores sociais envolvidos. Estigma, para Goffman (1988) pode se dividir em três tipos:
1) as variações do corpo e deformidades; 2) as culpas de caráter individual, percebidas como vontade fraca, paixões tirânicas ou não naturais, crenças falsas e rígidas, desonestidade, sendo essas inferidas a partir de relatos conhecidos de, por exemplo, distúrbio mental, prisão, vicio, alcoolismo, homossexualismo, desemprego, tentativas de suicídio e comportamento político radical; 3) Tribais de raça, nação e religião, que podem ser transmitidos através de linhagem e contaminar por igual os membros de uma família (p. 14).
 
Os profissionais do sexo aderem facilmente à categorização de Goffman, por ocuparem também o status de outsiders. Todos os grupos sociais para Becker (2008):
fazem regras e tentam, em certos momentos e em algumas circunstâncias, impô-las. Regras sociais definem situações e tipos de comportamento a elas apropriados, especificando algumas ações como “certas” e proibindo outras como “erradas”. Quando uma regra é imposta, a pessoa que presumivelmente a infringiu pode ser vista como um tipo especial, alguém de quem não se espera viver de acordo com as regras estipuladas pelo grupo (p. 15).
 
Dentro desta regra de exclusão Goffman (1988) afirma que:
parece ser possível que um indivíduo não consiga viver de acordo com o que foi efetivamente exigido dele e, ainda assim, permanecer relativamente indiferente ao seu fracasso; isolado por sua alienação, protegido por crenças de identidades próprias, ele sente que é um ser humano normal e que nós é que não somos suficientemente humanos. Ele carrega um estigma, mas não parece impressionado ou arrependido em fazê-lo. (p.09)
 
Apesar dos percalços e dificuldades desta milenar profissão, o movimento civil organizado conquistou o reconhecimento das profissionais do sexo, bem como a necessidade de trabalhos voltados para a educação popular em saúde.
Nesta terceira parte, trabalhamos em dois territórios. Em Niterói, o primeiro território trabalhado, a captação de imagens contou com a gentil colaboração de Joubert Fonseca do SESC Niterói e da agente comunitária de saúde Claudinha, do Projeto Boca da Noite. Para a coordenadora do programa municipal de DST/AIDS, o Boca da Noite é um dos principais projetos de prevenção de doenças sexuais entre profissionais do sexo (Homens e Mulheres). Muitos trabalhadores do sexo não vão ao Centro de Saúde, por medo de serem discriminados, entrando assim em campo os agentes de saúde, dialogando e distribuindo preservativos no período noturno, no