Revista Rua


Inovação nas práticas de promoção da saúde por meio da arte da palhaçaria: a dialogia do riso registrada em vídeo-documentários nas experiências de campo
Innovation on health promotion practices trough the art of the clown: dialogy of laugher recorded in video documentaries in field work

Marcus Vinicius Campos Matraca, Tania C. de Araújo-Jorge

projeto são revistas (Ocas – Hechos) de baixo custo, porém, com conteúdo estético, artístico, político e cultural de alta qualidade. A partir do momento que o sem teto ingressa no projeto Ocas, ele é encaminhado, caso necessário, a um albergue ou moradia provisória e todos devem obedecer a um código de conduta, que segue impresso em todas as revistas. O objetivo da revista é promover oportunidade de trabalho para melhorar a qualidade da vida. A revista atualmente é vendida por R$3,00, sendo que R$2,00 ficam para o vendedor e R$1,00, para despesas do projeto. Pela falta de políticas públicas e projetos que promovam a inclusão social, nem todos terão uma oportunidade de uma mudança de vida, que Pablo Aníbal conquistou trabalhando no projeto em Buenos Aires e nas ruas do Rio de Janeiro. Na rua, o cimento corrói as pessoase, segundo Pablo Aníbal:
quando você tem fome cara, são poucas pessoas que chegam perto de você e fala:, ai meu irmão, você está bem? Na honestidade, na rua quando a fome chega são poucas as pessoas que oferecem comida, pergunta se está bem. Mas tem cara que chega e pergunta se tem fome e depois, onde posso pegar um back (drogas)? Isso eu escuto desde criança, por que eles sabem que você está ali e está perto de tudo.
 
         Criar vínculos faz parte do processo da reconstrução social desta população, seja de forma efêmera, como na promoção da saúde com alegria pelo Matraca, como por um projeto que reintegre ao cenário dito oficial, ou por um “vira lata”, um cachorro que se torna melhor amigo e protetor, ilustrado entre os protagonistas no documentário. Como diria Ataulfo Alves, o Filósofo do Samba: “Quanto mais conheço o Homem, mais eu gosto do meu cão”.
           Na última parte do documentário, o Palhaço Matraca transita entre outro grupo que habita o universo do Povo Invisível, as profissionais do sexo, dividido em duas etapas: 1) Capitação na cidade de Niterói, tendo como protagonista uma prostituta; e 2) no Rio de Janeiro, onde as protagonistas foram as travestis e as transgêneros. No Ministério do Trabalho e Emprego (2009) a classificação brasileira de ocupações, número 5198-05, define o Profissional do sexo, a Garota de programa, a Meretriz, a Messalina, o Michê, a Mulher da vida, a Prostituta, o Trabalhador do sexo, como aquele que oferece programas sexuais. Ainda na definição oficial, “atendem e acompanham clientes; participam de ações educativas no campo da sexualidade, colaborando na construção coletiva de normas e procedimentos que minimizam a vulnerabilidades da profissão”.