Revista Rua


Inovação nas práticas de promoção da saúde por meio da arte da palhaçaria: a dialogia do riso registrada em vídeo-documentários nas experiências de campo
Innovation on health promotion practices trough the art of the clown: dialogy of laugher recorded in video documentaries in field work

Marcus Vinicius Campos Matraca, Tania C. de Araújo-Jorge

desvinculação articula. Para Scorel (2003, p.139), “A população que mora nas ruas é personagem e cenário do drama social das grandes cidades do país. Personagens que narram suas trajetórias de múltiplas, constante e cumulativas desvinculações”. No documentário Jorge Muños afirma que “o perfil dos moradores de rua é em sua maioria masculina; entretanto nos últimos 15 anos o número, de mulheres e famílias inteiras, aumentou consideravelmente”.
Marcelo Duarte faz a seguinte fala:
Vários municípios, nesse Brasil, aqui no Rio de Janeiro. Quando quer esconder esta população passa com um ônibus e recolhe, deixando todo um histórico que carregam para traz, que às vezes é uma sacola, às vezes é num pano enrolado que é o documento, o medicamento, e ali começa uma outra história não conseguindo regatar a anterior.
 
O Projeto Meio-Fio desenvolvido pelos Médicos Sem Fronteiras (2004) no centro da Cidade do Rio de Janeiro, entre 2000 a 2004, oferecia atendimento de saúde e psicossocial à população adulta em situação de rua. Esse trabalho era realizado diariamente por uma equipe multidisciplinar, constatando a existência de operações denominadas pejorativamente de “Cata-Tralhas”, que retiram da população da rua seus pertences, documentos, dinheiro e medicamentos, potencializando a exclusão como ponto de chegada para muitos atores sociais.
A revista OCAS (2006) relatou que o Ministério de Desenvolvimento e Ação Social e Combate à Fome propôs uma pesquisa que quantificaria e qualificaria, na cidade, os cidadãos que sobrevivem sem um teto. O critério para o desenvolvimento da pesquisa era o envolvimento da Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio de Janeiro com ONGs que já atuam nesta área. Entretanto, a pesquisa não foi realizada, pois a prefeitura não aceitou desenvolver a pesquisa em parceria com organizações da sociedade civil. Apesar dos recursos financeiros estarem disponíveis, a normose dos interesses políticos falou mais alto e prevaleceu a omissão diante de um problema de saúde pública. Anti-ação que impossibilitou não só a realização de um diagnóstico mais preciso sobre a situação do povo invisível, mas a possibilidade de legitimar novas políticas públicas.
Fernando Costa (2004), em sua pesquisa participativa como gari na cidade de São Paulo, constatou que a invisibilidade social opera em dois planos: consciente e inconsciente. Quanto mais próximo se está desse sujeito invisível, mais consciência se tem dele e de sua invisibilidade. O resultado, segundo o pesquisador, é que pessoas passam a ser entendidas como coisas, chegando a ser imperceptíveis. Em seu livro “Homens invisíveis: relatos de uma humilhação social”, Costa escreve que “um homem