Revista Rua


Inovação nas práticas de promoção da saúde por meio da arte da palhaçaria: a dialogia do riso registrada em vídeo-documentários nas experiências de campo
Innovation on health promotion practices trough the art of the clown: dialogy of laugher recorded in video documentaries in field work

Marcus Vinicius Campos Matraca, Tania C. de Araújo-Jorge

Descrição e processo de construção dos dois documentários
Documentário 1: “Matraca e o Povo Invisível” (Figura 2-Anexo)
 
Um trabalho de diálogos com populações excluídas dificilmente pode transcorrer com instrumentos convencionais de pesquisa tais como questionários fechados, pranchetas e anotações. Por isso, desde o início, resolvemos utilizar os recursos do registro de imagens e sons, lançando mão de fotografia e filmagem, com a decisão de coletar material para a pesquisa de modo a poder realizar vídeo-documentários. O objetivo deste vídeo-documentário específico é apresentar as diversas ferramentas adotadas pelo investigador na execução da pesquisa participativa, como a palhaçaria, a música, a Dialogia do Riso potencializando encontros com alegria.
Os conceitos de promoção da saúde, invisibilidade social, alegria e políticas públicas, foram transversais para todos os participantes. Com humor e alegria, o Palhaço Matraca interliga no documentário o diálogo entre o povo invisível, técnicos de saúde e militantes sociais. A captação de imagem foi realizada em três territórios distintos: Rio de Janeiro, Niterói e Buenos Aires. Os locais de intervenção e observação foram escolhidos com base na experiência pessoal do pesquisador. Ele residiu no bairro do Flamengo e, no dia a dia, observava uma incidência grande de moradores em situação de rua e profissionais do sexo no seu bairro, no Largo do Machado, no Catete, na Glória e na Lapa, todos localizados na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. Esses bairros são conhecidos por fazerem parte da história política do país. Até a década 60, a casa oficial do Presidente da República era o Palácio do Catete, localizado entre o Largo do Machado e Glória, atribuindo imponência histórica a esses bairros. O bairro da Lapa detinha a tradição da boemia, dos sambistas, das profissionais do sexo e dos arcos construídos para funcionar como aquedutos nos tempos do Brasil Colonial. No processo de observação, notamos alguns pontos comuns entre esses bairros: moradores de rua, ambulantes e profissionais do sexo. Foram convidados a prestar depoimentos e participar do debate profissionais que lidam com essa realidade: Rodrigo Maia, do Centro de Saúde da Cinelândia, médico que acolhe profissionais do sexo, em sua maioria travestis; Marcello Duarte, da ONG Cidade Viva, que trabalha com a diversidade sexual e pessoas que vivem com HIV/AIDS; Jorge Muños, da ONG Nova Pesquisa, que investiga a questão dos moradores em