Revista Rua


Inovação nas práticas de promoção da saúde por meio da arte da palhaçaria: a dialogia do riso registrada em vídeo-documentários nas experiências de campo
Innovation on health promotion practices trough the art of the clown: dialogy of laugher recorded in video documentaries in field work

Marcus Vinicius Campos Matraca, Tania C. de Araújo-Jorge

doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
Descrevemos o processo de construção dos dois vídeos que fizeram parte da tese de Doutorado “Alegria Para Saúde: A Arte da Palhaçaria como Proposta de Tecnologia Social no Sistema Único de Saúde” (Matraca, 2009)na qual geramos conhecimento para responder “Sim” à seguinte pergunta: A arte da palhaçaria tem poder dialógico para comunicar sobre questões de saúde com diferentes públicos?
 
A pesquisa participante
O trabalho de campo utilizou como método a pesquisa participante, na qual, segundo Brandão (1985), o pesquisador se coloca como sujeito do grupo investigado, e não a serviço do grupo, mas da prática de sua política. Trata-se de uma investigação social de cunho educativo, que busca a plena participação coletiva da comunidade na análise de sua própria realidade. A pesquisa participante possibilita não só a intervenção do pesquisador no processo, como a construção dialógica sobre a realidade social que se investiga.
Dentre todas as fases que o trabalho de campo oferece, sem dúvida, a mais importante é a que diz respeito ao reconhecimento do território e pessoas envolvidas na investigação. No entanto este reconhecimento tem algo de peculiar. Não é apenas o investigador que vai a campo, mas sim o Palhaço, um agente secreto social pronto para a revolução, tendo como aliados o riso e a alegria. Na história da palhaçaria este herói às avessas sempre precisou inventar soluções para sua sobrevivência. O Palhaço vai onde o povo está, de cidade em cidade, de reino em reino, de vila em vila, estando disponível ao encontro e aprendizado da cultura de cada grupo que entra em contato. Adere rapidamente aos costumes locais, ao idioma e aos principais traços folclóricos e culturais para poder apresentar o espetáculo que, geralmente, denuncia as diferenças e desigualdades do local visitado. Esta é a arte da palhaçaria adotada para este trabalho, também compartilhada com o palhaço brasileiro Benjamim de Oliveira, o palhaço norte americano Patch Adams, o palhaço espanhol Leo Bassi e todos os Palhaços de Rua.
Os tempos são outros, mas alguns cuidados éticos com os grupos a serem investigados são indispensáveis na construção de um vídeo, principalmente no campo da documentação científica. Ao invés de utilizar um termo formal de consentimento livre e esclarecido, a ser apresentado, discutido e assinado pelos