Revista Rua


Inovação nas práticas de promoção da saúde por meio da arte da palhaçaria: a dialogia do riso registrada em vídeo-documentários nas experiências de campo
Innovation on health promotion practices trough the art of the clown: dialogy of laugher recorded in video documentaries in field work

Marcus Vinicius Campos Matraca, Tania C. de Araújo-Jorge

situação de rua; Cida Diogo, deputada estadual (RJ) militante dos direitos da mulher e humanos; Márcia Santana, Coordenadora do programa DST/AIDS da cidade de Niterói; Pablo Aníbal, ex-morador de rua em Buenos Aires, vendedor da revista HECHOS na Argentina e OCAS no Brasil.
Para a confecção do documentário o registro do trabalho de campo transcorreu de dezembro de 2004 a março de 2006. As primeiras imagens foram feitas na lógica de Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça (Monzani, 2003) e ironicamente a primeira captação foi realizada no Dia do Palhaço, 10/12/2004. O objetivo era filmar a práxis do Palhaço Matraca, que aparece no início do documentário num fim da tarde, andando de metrô e a pé no centro da cidade do Rio de Janeiro. Neste espírito, o trabalho de campo foi realizado quinzenal ou semanalmente no período de captação de imagens. Foram em média 6 horas por intervenção, com início às 20h e término à 01h, período em que os povos de rua ocupam seus territórios. A primeira etapa foi realizada na solidão, método e êxtase do investigador, que Da Matta (1978) sugere como Antrophologycal Blues, sentimento de distanciamento no qual o pesquisador adentra no universo investigado para tentar transformar a diferença em familiaridade e a familiaridade em diferença. Em janeiro de 2006, o SESC de Niterói nos convidou para exibir a prévia de Matraca e o Povo Invisível, no dia 29/03 na Mostrasobre Populações de Rua, “Todo o mundo na rua”. Com apoio do Instituto Oswaldo Cruz – Fiocruz e do SESC de Niterói, o documentário foi finalizado em maio de 2006.
O roteiro do filme foi divido em três partes: (1) Apresentação da idéia do pesquisador, sua transformação no Palhaço Matraca e práxis; (2) Moradores de rua das cidades; (3) Profissionais do sexo. Na primeira parte, abordamos o tema da prática da liberdade, que só encontrará adequada expressão numa pedagogia em que o oprimido tenha condições de se descobrir e se conquistar como sujeito de sua própria destinação histórica, com alegria, refletindo sobre isso de modo a ampliar sua consciência sobre o tema. O diálogo e o riso são recursos utilizados para potencializar a promoção de encontros baseados na lógica da alegria humana. O universo lúdico como instrumental educativo exerce papel fundamental não só no processo de aprendizagem em saúde, mas na relação do cidadão com o seu meio social.
Na pele do Palhaço Matraca, o pesquisador vai a campo sorrir, conversar e brincar com povo invisível, optando pelo período noturno para realizar as investigações das paisagens sociais ocultas à luz do dia. Segundo Cristina Pereira (2003) são os povos da rua que à noite se expressam na diversidade dos profissionais