Revista Rua


O discurso no Twitter, efeitos de extermínio em rede
The discourse on Twitter, extermination effects in net

Vivian Lemes Moreira, Lucília Maria Sousa Romão

Justificativa
Figura 3: Tweet 2[15]
 
Figura 4: Tweet 3[16]
 
O imperativo de morte está posto na ordem da língua com o pedido de “faça um favor”; sob o efeito de uma formulação que implica gentileza nas trocas linguageiras, o que os sujeitos colocam em discurso é que “mate um nordestino”. O que está posto de início é uma relação de assimetria entre posições nos seguintes termos: o que fala não é nordestino e o que deve ser alvo de morte o é, ou também, o que fala é de “Sp” e o que deve ser morto é do “nordeste”. Imaginariamente o outro não é considerado um igual ou um cidadão com os mesmos direitos assegurados pela Constituição do país, mas é designado pela condição de “nordestino”, algo que nesses recortes inscreve a condição de “não ser gente”. Pelo acesso à memória discursiva, temos muitos sentidos atribuídos ao nordeste brasileiro, dentre eles, a condição de seca e difícil vida do povo que ali vive, a exploração sócio-historicamente constituída de trabalhadores e o sufocamento de manifestações populares de reivindicação, além da genuidade cultural rica e diversificada. Todos esses sentidos são silenciados como veremos em todos os recortes desse corpus e, em lugar deles, emerge outra condição, a de não ser “gente”.
Vemos, na formulação “nordestino não é gente”, algo que irrompe e fura o reconhecimento do outro como cidadão no âmbito do Estado de Direito, algo que já se coloca no eixo fora-da-lei, o que marca um dizer que está circunstanciado a um dizer desenhado por uma posição-sujeito de “Sp”. A fissura aqui distancia o efeito de unidade nacional e de legitimidade jurídica, fazendo falar a morte como autorizada e aceita,


[15]  http://twitter.com/ . Data: 31/10/10
[16] http://twitter.com/ . Data: 31/10/10