Revista Rua


O discurso no Twitter, efeitos de extermínio em rede
The discourse on Twitter, extermination effects in net

Vivian Lemes Moreira, Lucília Maria Sousa Romão






Figura 9: Tweet 8[21]
 
 
O que marca esse recorte não é o imperativo da morte física inscrita pelo movimento de extermínio, mas um deslocamento para a negação de pertencimento. Não fazer parte “da mesma nação” é o que se coloca em discurso pela posição-sujeito implicada pelo efeito separatista. Não ser igual, não estar com a mesma nomeação de nacionalidade, não ser igual ao nordestino: tudo isso implica considerar “a nação dos nordestinos” como não-igual, não-reconhecida e não-respeitada. Trata-se de outra forma de falar da morte, no caso, morte do reconhecimento da igualdade de direitos e deveres iguais para todos e, finalmente, morte do outro como brasileiro.
 
Considerações finais:
O que me atormenta é que tudo é 'por enquanto', nada é 'sempre’ – Clarice Lispector[22]

Ao longo desse trabalho, discutimos alguns conceitos da teoria discursiva, especialmente as noções de sujeito, ideologia, memória e heterogeneidade para entrelaçá-las ao que consideramos ser a Internet, um espaço discursivo em que sujeitos e sentidos constituem-se a partir do permanente jogo de repetições e deslocamentos. O movimento de dizer no on-line está sempre em fluxo e em curso e, no caso do Twitter, inaugurando uma trama de particularidades, quais sejam: pertencer a uma rede social, dizer a partir do que o outro já disse, manter-se em relação a palavras que estão sendo publicizadas no momento da enunciação e deixar a língua em estado de encurtamento.
Nosso corpus foi escolhido porque causou-nos profundo incômodo e grande indignação escutar dizeres de extermínio em relação a nordestinos por três motivos principais: i. porque o efeito do direito à vida nos parece o ponto primeiro de qualquer


[21] http://twitter.com/ . Data: 31/10/10
[22] LISPECTOR, C. A paixão segundo GH São Paulo: Rocco, 1998.