Revista Rua


O discurso no Twitter, efeitos de extermínio em rede
The discourse on Twitter, extermination effects in net

Vivian Lemes Moreira, Lucília Maria Sousa Romão

como uma simples decodificação de um texto, sob a forma de um esquema de comunicação fechado e estanque. Por isso, a AD concebe a linguagem como uma relação entre sujeitos e sentidos, e sobre a sua relação com a história, problematizando as formas de leitura e a inscriçao histórica das palavras. Considerando a opacidade como um fator inerente à linguagem, as palavras estão sempre passíveis de serem ressignificadas, pois elas não se enquadram em um esquema fechado, “têm suas fronteiras flexíveis e porosas, são passíveis de jogo e inscrevem-se de modo sempre imprevisível dependendo das condições históricas e das posições-sujeito” (MOREIRA; ROMÃO, 2009, p.10).
Nesse trabalho, enfocaremos noções teóricas fundamentais para a análise do nosso objeto – a discursividade no Twitter –, quais sejam: sujeito, memória, ideologia e heterogeneidade. A noção de sujeito é de grande importância para os estudos discursivos, pois ele é tido como uma peça chave para a compreensão do funcionamento da linguagem. Sujeito é entendido, não como o sujeito empírico, ser humano individualizado, passível de generalizações ou categorizações, mas sim como sujeito de/à linguagem, ou seja, como uma posição no discurso (PÊCHEUX, 1969). Assim tomamos o sujeito discursivo não como um ser empírico, biológico, sociológico ou psicologizado, mas sim como posição no discurso sempre inserida em um dado contexto sócio-histórico. Tal noção de sujeito marca um tom inaugural no campo lingüístico, visto que o sujeito sempre ocupa um lugar de dizer, que não é rígido e implica um processo de captura pela ideologia e pelo inconsciente. Longe de ser homogêneo, o sujeito é dividido, clivado e esgarçado por sentidos heterogêneos, está sempre sendo atravessado por vários dizeres em uma tensa e permanente relação com as palavras, com o outro e com os discursos já ditos antes.
É bem por isso que a teoria discursiva considera a memória como condição de todo dizer, ela engloba os já-ditos e sentidos que já circularam em outros contextos históricos, de modo a sustentar a malha de sentidos já ditos e até mesmo aqueles já esquecidos ou impossíveis de dizer, malha esta que determina a emergência dos discursos. Ao transpor esse conceito para a rede eletrônica, podemos dizer que a memória funciona como uma superfície do dizível na rede a garantir os nós, os links, os pontos inesgotáveis de dizeres do sujeito.
 
[...] temos que é a memória que possibilita as condições de legibilidade do dizer, pois as palavras não se significam por si mesmas, mas sempre pelo movimento construído socialmente a partir da relação delas com o poder. Sendo assim, entendemos que o