Revista Rua


O discurso no Twitter, efeitos de extermínio em rede
The discourse on Twitter, extermination effects in net

Vivian Lemes Moreira, Lucília Maria Sousa Romão

reordenados, desarranjados e deslocados, repetindo, replicando e/ou repassando o que foi discursivizado em outra mensagem, marcando, assim, o caráter heterogêneo do dizer na rede e da própria constituição do sujeito.
Os sistemas de microblogging possuem como característica o enovelamento de várias vozes e de diversos tantos outros dizeres, constituídos em uma discursividade tida como aberta e participativa, ocasionada pelas ferramentas da Web 2.0. O conteúdo colaborativo no qual é calcada a Web 2.0 potencializou a criação e a distribuição de dados na Web, estes que passaram a ser realizados pelo sujeito-navegador, realçando ainda mais o caráter heterogêneo da rede. Segundo Primo (2007, p.21): “a Web 2.0 tem repercussões sociais importantes, que potencializam processos de trabalho coletivo, de troca afetiva, de produção e circulação de informações, de construção social de conhecimento apoiada pela informática”. Isso implica considerar que os sites construídos nesse contexto possuem essa dependência da interação entre os navegadores e a necessidade de atualização de uma virtualidade na qual o discurso torna-se a marca da passagem dos sujeitos pelos incontáveis nós e furos que tecem a própria rede. Ou seja, estamos diante de uma discursividade que só se constitui com a presença de outro(s), de vozes que passaram, flanaram e deixaram pegadas de sua travessia, de rastros de dizer que continuam a produzir efeitos de ressonância. Tal condição dialoga com o que Chartier (2002, p.25) propõe a seguir:
O texto eletrônico, tal qual o conhecemos, é um texto móvel, maleável, aberto. O leitor pode intervir em seu próprio conteúdo e não somente nos espaços deixados em branco pela composição tipográfica. Pode deslocar, recortar, estender, recompor as unidades textuais das quais se apodera. Nesse processo, desaparece a atribuição dos textos ao nome de seu autor, já que estão constantemente modificados por uma escritura coletiva, múltipla, polifônica.
 
Dentro desse contexto de publicação rápida, coletiva e interativa, os sistemas de microblogs acabaram ganhando seu espaço e conquistando milhares de navegadores em seus sistemas, funcionando como um dispositivo muito eficiente na produção e na divulgação de notícias e acontecimentos sobre fatos ainda em curso. O Twitter, por exemplo, é uma ferramenta de microblogging (JAVA et al., 2007), que permite a troca de rápidas e curtas mensagens (conhecidas também por “tweets”) entre os navegadores de até 140 carateres. Ele foi criado em março do ano de 2006, quando Jack Dorsey, @jack, trabalhava em uma empresa chamada Odeo Inc. localizada em South Park, São Francisco, EUA. A idéia surgiu quando a empresa atravessava por difíceis momentos, devido à forte concorrência no mercado; assim, a diretoria propôs uma estratégia de