Figura 4: Imagens capturadas do site Youtube.
O verso “e o sol iluminando os corações” ainda acompanha as imagens. Um sol das luzes, ressignificado pelo discurso turístico que, simultaneamente, apaga o saber histórico acerca do vanguardismo da abolição no Ceará:
A terra do sol passou a ser a denominação do estado do Ceará. Destaques dados ao sol, ao mar e à jangada, na verdade, recortam a realidade cearense enfatizando aspectos atrativos que podem ser vendidos ou pontos de vista que se desejou construir. Assim, o pôr-do-sol e o nascer do sol, acompanhados de uma jangada e o cenário de dunas, favorecendo a representação idílica do estado, foram as principais imagens trabalhadas no imaginário nacional e posteriormente internacional. O Ceará terra da luz é apresentado como terra do sol. (BELMINO, 2011, p.173)
Considerando as determinações da formação discursiva em jogo, temos que há um deslize de sentidos tanto em “sol” quanto em “luz”. Se “sol” passa a ser discursivizado enquanto marca registrada de uma imagem de Ceará constituída no discurso turístico neoliberal; “luz” em suas relações metonímicas com sol, também vem a reboque, deslocando-se nos dizeres que aí irrompem. A “terra da luz”, agora, é um paraíso litorâneo, o qual o turista é convidado a visitar, pois nela, há sol 365 dias por ano. Os sentidos de “luz” estão imbricados nos sentidos de lazer, diversão, praia, mar, férias. Em outro sítio de significância, movimenta-se em outras searas. Percebemos, contudo, o mesmo, quando os sentidos de progresso e modernidade são reiterados, uma vez que, no discurso dos mudancistas o turismo iria tirar o Ceará do atraso dos coronéis, gerando emprego e renda para a população, tal qual, a libertação dos escravos e o trabalho livre também tirariam o Ceará da miséria, no século XIX.