Revista Rua


A deriva de sentidos de "Terra da luz" no pós-governo mudancista: Uma análise do vídeo Ceará, terra da luz
The drifting of meanings of "Terra da Luz" in the post-changing government: an analysis of the video Ceará, Terra da Luz

Aline Maria Freitas Bussons

identificação com o Ceará. A representação imaginária de “Fagner”, cearense e brasileiro de sucesso nacional, profere um dizer que não se declara unicamente cearense, mas cearense e brasileiro, produzindo efeitos de sentidos que fazem parte de um processo de inclusão/projeção de um estado (antes tórrido e atrasado; agora agradável e moderno) na nação. Fagner, ainda, canta ao lado de uma dupla de cantores regionais, Ítalo & Renno e; se a dupla canta ostentando a sanfona, instrumento que há muito simboliza a região nordeste, o herói toca o clássico piano:
 
Figura 3: Imagens capturadas do site Youtube.
 
Os significantes “brasileiro” e “cearense” não são suficientes para demarcar uma origem, ou talvez, um território. Parece ser preciso dizer mais, ser necessário estampar nomes e codinomes do espaço em questão: “eu sou da terra da luz/ eu sou do Ceará”. O Ceará é a “terra da luz” e aqui se emparelham duas assertivas de estrutura sintática análoga. Desta forma, cria-se a ilusão de uma referência comum: o Ceará e a terra da luz ficam unidos por uma exterioridade referencial, “ao mesmo tempo perfeitamente transparente (...) e profundamente opaco” (PÊCHEUX, 2008, p.20). Esta compreensão silencia a multiplicidade de sentidos determinada pelo encontro da língua com a história. Há, nesta perspectiva, apenas um Ceará que é a terra da luz, desconsiderando-se as relações entre os sentidos e as diferentes formações ideológicas nas quais o dizer irrompe.
Até agora, procuramos fazer uma análise panorâmica do vídeo, discutimos pontos que julgamos cruciais para a compreensão do funcionamento de “terra da luz” nas diferentes materialidades do vídeo, ou seja, ressaltamos os elementos que,