Revista Rua


Segregação e invenção na cidade: uma entrevista com Barba nos jardins do Museu de Arte Moderna - MAM/ RJ
Segregation and inventiveness in the the city: an interview with Barba at the gardens of The Museum of Modern Art - MAM/ Rio de Janeiro

Adriana Fernandes

A: Só tem essa conversa de droga.
B: Droga, droga.
A: É o diabinho.
B: Diabinho da cachaça. Outra coisa que dá muito é cachaça de macumba.
A: O que o pessoal pega da macumba?
B: Tem um cara aqui, o Sete Bois, daqui pra lá ele manda tudo aí, sabe certinho os sete dias da macumba.
A: (...) um jardim lindo.
B: Essas árvores todinhas são macumbas [um rapaz fala com Barba, ele conversa rápido: 'E aí? Passa aí na terça-feira, que eu peguei umas paradas de comida lá']. Esse aí brigou com a mãe, a mãe arrumou um marido, botou os filhos pra fora. Não cheira, não fuma, é direitinho. É raro isso acontecer. Quando eu tenho, eu dou pra ele também. Uma mosca branca, você só vê uma vez na vida e outra na morte. A depressão quando pega a pessoa joga no chão, não? Tem que ter um trabalho psicológico muito bem feito, né? Porque a rua, vou falar pra senhora: se vê cada abrobrinha.
A: Você acha que tem mais gente na rua do que antes?
B: Mais.
A: Mais gente jovem, mais mulheres?
 
B: Antigamente, quando eu vim pra rua, quando eu perdi meu emprego lá na Selva de Pedra[23], aí vim pra rua, gostei. Aquela liberdade que a gente não tem. Um tempão no Exército, só preso. Parei em Botafogo, no [inaudível], parei ali numa moçada boa. Tinha seis quinzinhos, mas...
A: Mais calmo?


[23] Condomínio com quarenta prédios no bairro do Leblon, zona sul, construído na década de 70, após um incêndio suspeito na então favela do Pinto.